“Até o feijão com arroz sai estragado”: Luiz Castro critica atuação da bancada do AM no Congresso

O ex-deputado estadual Luiz Castro (PDT) avaliou a atuação da bancada amazonense, em Brasília, como o básico “feijão com arroz”, que segundo ele, trabalha focada em emendas parlamentares com falta de transparência e critérios, e sem capacidade para trabalhar por projetos comuns do Estado, como segurança e economia.
Atualmente, a bancada amazonense é composta por oito (8) deputados federais e três (3) senadores: os senadores Omar Aziz (PSD); Eduardo Braga (MDB); Plínio Valério (PSDB); e os deputados federais Átila Lins (PSD); Adail Filho (Republicanos); Amom Mandel (Cidadania); Capitão Alberto Neto (PL); Fausto Jr (União Brasil) ; Sidney Leitte (PSD), Silas Câmara (Republicanos) e Pauderney Avelino (União Brasil) ingressou novamente, devido Saullo Vianna ter licenciado do cargo para assumir o posto de secretário municipal.
O ex-prefeito de Envira, interior do Amazonas, também acredita que os jovens podem fazer a diferença e melhorar a política, onde enfatiza a importância da educação política para fazerem escolhas melhores e resgatarem a ética, promovendo o bem comum em vez de benefícios individuais.
A declaração aconteceu em entrevista a jornalista Ana Flávia Oliveira, da Rede Onda Digital.
Leia à íntegra a entrevista completa:
Rede Onda Digital – Inclusive, o senhor já foi Prefeito de Envira por duas vezes, deputado estadual por três mandatos. O que você usa nessa bagagem toda na presidência do PDT e também como continua ativo no cenário político do Amazonas?
Luiz Castro – Atualmente presido a presidência do PDT, a gente está naquela fase pré-eleitoral, dos diálogos, das conversas, dos bastidores, para verificar como o PDT vai se posicionar. Uma das preocupações é ter boas nominatas de deputado estadual, deputado federal e um bom alinhamento para as candidaturas majoritárias de governo e senado. Então, é um momento de muito bastidor, de muito diálogo, de reuniões, não é ainda um momento de definições. E eu, pessoalmente, tenho uma afinidade muito grande com as questões socioambientais, com as causas coletivas. Embora não participando mais como candidato, eu atuo agora muito mais nessa área socioambiental. Porque ela é uma área que precisa de uma atenção maior do poder público e eu acrescento essa agenda socioambiental que também é muito fraca nos nossos governos da Amazônia, não só aqui.
Precisamos de mais orçamento, mais equipe e mais transversalidade nas políticas voltadas para preservação de meio ambiente. Eu continuo atuando nessa área, tem a COP30 e a gente está buscando ver e que o Amazonas tenha um protagonismo maior, porque até então quem está tendo protagonismo exclusivo é o Estado do Pará.
Rede Onda Digital – E como você avalia a atuação da bancada do Amazonas em Brasília atualmente? Você vê se existe uma representatividade suficiente com as demandas do Estado?
Luiz Castro – Não, eu acho que é uma bancada que trabalha em regra muito com a questão das emendas parlamentares. Emenda parlamentar, para mim, é o feijão com arroz, é a parte mais fácil. Mesmo assim, aqui e acolá esse feijão com arroz, está saindo estragado. Aliás, falta de transparência, falta de critérios, podia melhorar muito. Eu vejo muita fragmentação, individualização. Cada um faz o seu trabalho individual, baseado em emendas. Alguns são muito esforçados, outros nem tanto. Mas não há aquele sentimento de unidade de buscar trabalhar por um projeto comum para o Estado. É a mesma coisa que acontece aqui em nível estadual, na governança pública, é uma fragmentação. Ora, são poucos deputados federais que precisariam estar mais unidos para algumas questões básicas de interesse comum. Como a segurança, por exemplo. Se os oito deputados federais. Se unirem para garantir mais recursos para a nossa segurança, se os 8 deputados de federais se unirem para garantir projetos econômicos que gerem mais emprego e renda aqui também, a situação pode melhorar, superando esse excesso de divisionismo que existe hoje na nossa bancada.
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Rede Onda Digital – E que tipo de mensagem você deixa para os jovens que pensam entrar nessa vida pública do Amazonas, de onde vêm as dificuldades e também o desgaste da política tradicional?
Luiz Castro – Bom, primeiro compreender que embora a política não esteja bem atualmente, ela é ainda muito importante. E os jovens que entrarem na política, eles vão poder fazer a diferença. Mas mais importante do que você ser candidato é a educação política de todos os jovens, para que eles escolham melhor, avaliem melhor as suas escolhas antes de decidir o seu voto. Infelizmente, grande parte dos adultos, dos mais velhos hoje, vêm de seu apoio em troca de favores, em troca de dinheiro, e a nossa esperança está nessa futura. A geração, ela não pode se desencantar da política, ela precisa entrar na política e ajudar a melhorar a política e resgatar a ética na política, e política é bem comum, não é benefício individual, é aquilo que traz resultado com o coletivo e as pessoas terem as oportunidades com esses resultados e alcançarem também as suas metas.
Rede Onda Digital – Quais são os principais desafios que o Estado vem enfrentando hoje que devem estar no centro do debate político no próximo ano, visando o que é o ano eleitoral?
Luiz Castro – Bom, a gente elenca de maneira evidente o desafio da segurança e o desafio da saúde. Nós temos uma insegurança cada vez maior no Estado inteiro, e não é só na capital, no interior também. Em alguns momentos o crime organizado já passou por um papel de milícia, extorquindo comerciantes, e pressionando a população de uma maneira absurda, e a saúde é extremamente complicada, especialmente aqui na nossa cidade. Temos também que nos lembrar que a educação é fundamental, e os programas de investimento econômico, principalmente no setor primário, na área turística, eles precisam melhorar muito.
Nós temos uma fragmentação muito grande na Secretaria de Produção, uma divisão política, IDAM, Sepror, ADAF, a própria ADS, cada um sob um comando diferente, falta de integração, isso é muito ruim para uma política agrícola. Nós podemos também melhorar muito na atratividade turística, e isso depende muito de uma ação integrada entre Governo, Estado e Prefeitura.
O centro de Manaus começa a ser resgatado não pelos governos, mas por empresários, como tem o Boothline ali, Mercado de Origem, um investimento enorme de um empresário que acredita nisso, como tem também outras iniciativas que a gente está observando, o Casarão de Ideias, exitosas, nós precisamos que o Poder Público faça a sua parte para integrar esse processo. A Praça São Sebastião foi um bom referencial, mas precisa ir além disso.
Então, eu acredito que nós precisamos também compreender que só o Distrito Industrial não garante empregabilidade para os amazonenses. Eu fico muito triste quando eu vejo jovens do Amazonas indo para o Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, obter empregos que deveriam ser disponibilizados para eles aqui em Manaus.
