Na última semana, o governo federal anunciou a possível volta do horário de verão como estratégia para otimizar a geração de energia e reduzir a dependência de usinas hidrelétricas. A medida visa aproveitar melhor as fontes solar e eólica, principalmente durante os horários de maior demanda, entre 18h e 19h, período em que o consumo de energia atinge seu pico.
Atualmente, cerca de 50% da energia gerada no Brasil vem de hidrelétricas. Porém, o cenário de altas temperaturas e escassez de chuvas tem prejudicado o desempenho dessas usinas. Um exemplo desse impacto é a Usina Santo Antônio, em Rondônia, que reduziu sua capacidade de geração devido à falta de água no rio.
Para compensar essa perda de produção, o governo tem apostado em fontes alternativas como a energia solar e a eólica, que representam, respectivamente, 7,5% e 15% da matriz energética brasileira. Contudo, esses tipos de geração têm limitações nos horários de pico: a energia solar não está disponível no fim do dia, e a produção eólica também perde eficiência nesse período.
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Entre os dias 1º e 8 de setembro, a demanda de energia superou em 13% a média registrada durante a última crise hídrica de 2021. Esse aumento forçou o acionamento das usinas termoelétricas, que elevaram os custos da energia, retornando à bandeira tarifária vermelha.
O retorno do horário de verão pode ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema elétrico, ao adiantar o relógio em uma hora e reduzir a demanda no final da tarde. No entanto, a eficácia dessa medida ainda gera controvérsia. O uso constante de aparelhos como ar-condicionado e ventiladores, motivado pelo calor intenso, tem elevado o consumo de energia ao longo de todo o dia, e não apenas no início da noite. Foi com essa justificativa que o ex-presidente Jair Bolsonaro extinguiu o horário de verão em 2019.
Apesar das dúvidas, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defende a importância de se considerar qualquer solução que contribua para a segurança do sistema energético e para a redução das tarifas.
“Estamos na fase de avaliação da necessidade ou não do horário de verão”, disse o ministro.
Ele também destacou o impacto positivo que a medida pode ter em setores como turismo e comércio, especialmente bares e restaurantes, que costumam registrar maior movimentação com os dias mais longos.
O Ministério de Minas e Energia está realizando um estudo sobre a viabilidade de retomar o horário de verão, cujo resultado deve ser divulgado ainda nesta semana. Uma reunião entre o ministério e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) está marcada para esta quinta-feira (19/09), quando será tomada a decisão final sobre a possível implementação da medida.
Com informações de CNN