Após oito dias em greve de fome em protesto contra o parecer favorável à sua cassação, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou neste domingo o processo de reintrodução alimentar. Durante o período de jejum, o parlamentar ingeriu apenas água, soro e bebidas isotônicas, permanecendo acampado no Anexo 2 da Câmara dos Deputados. Agora, sob acompanhamento médico em Brasília, ele começa lentamente a retomar a alimentação sólida, em um processo que exige atenção redobrada para evitar riscos à saúde.
Segundo sua esposa, a também deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), a reintrodução alimentar está sendo feita de forma gradual, começando por caldos e sopas com baixo teor de gordura. Em seguida, estão sendo incluídos alimentos pastosos e sólidos leves, como arroz e frango. Produtos ultraprocessados ou com altos níveis de açúcar e gordura estão vetados neste estágio, devido ao impacto que podem causar em um organismo fragilizado por dias de jejum.
“A alimentação tem que ser lenta, com líquidos, pastoso e sólidos, bem aos poucos para não ocasionar estranhamento no sistema digestivo. Também há algum risco pela imunidade, então ele está usando o final de semana para descansar”, afirmou Sâmia.

Glauber Braga passa o domingo de Páscoa ao lado da família, ainda em recuperação. A assessoria do deputado informou que ele permanece em Brasília e continua sendo monitorado por médicos, com avaliações feitas por meio de ligações e acompanhamento remoto. O período crítico para quem realiza um jejum prolongado se estende até dez dias após o fim da restrição alimentar. A recuperação do peso perdido — mais de cinco quilos — e o retorno completo à dieta habitual podem levar meses.
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Por que Glauber Braga fez greve de fome?
A greve de fome do deputado Glauber Braga começou em 9 de abril e foi encerrada no dia 17, após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), comprometer-se publicamente a não pautar o processo de cassação no plenário pelos próximos 60 dias. O protesto foi realizado como forma de repúdio ao parecer aprovado pela Comissão de Ética da Casa, que recomenda a cassação do mandato do parlamentar.
O processo disciplinar contra Glauber Braga teve origem em um episódio ocorrido em abril de 2024, quando o deputado foi acusado de agredir fisicamente o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro.

A discussão entre os dois teria começado dentro da Câmara dos Deputados e se estendido até a área externa. Ambos foram conduzidos por policiais legislativos ao Departamento de Polícia Legislativa (Depol), onde prestaram depoimento.
Durante a greve, Glauber permaneceu no prédio da Câmara, onde dormiu com o apoio logístico de Sâmia Bomfim, que providenciou colchão e cobertores. A mobilização gerou repercussão nas redes sociais e entre apoiadores do PSOL, que denunciaram o que consideram uma tentativa de perseguição política ao parlamentar.
