O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) passou a noite de quarta-feira (09) para quinta-feira (10/4) no plenário do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, em protesto contra a aprovação do parecer que recomenda a cassação de seu mandato.
O parecer, apresentado pelo relator Paulo Magalhães (PSD-BA), foi aprovado por 13 votos a 5. A decisão agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e, em seguida, poderá ser votada em plenário, onde são necessários pelo menos 257 votos para que a cassação seja confirmada.
Em seu perfil no X (antigo Twitter), Braga publicou às 6h30 da manhã que seguia no mesmo plenário onde foi decidido o avanço de seu processo de cassação.
“Estou há 30 horas e 30 minutos fazendo somente a ingestão de líquidos”, afirmou o parlamentar, que iniciou uma greve de fome à meia-noite de quarta-feira. A medida extrema, segundo ele, é uma forma de resistência política.


“Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”, declarou, acusando o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de articular sua saída.

Segundo o jornal O Globo, Glauber Braga dormiu no chão do plenário do Conselho de Ética, encostado à parede.
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Entenda o caso de Glauber Braga
O processo contra Glauber Braga teve início após um episódio ocorrido em abril de 2024, quando o deputado se envolveu em uma confusão com o youtuber Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). Segundo Costenaro, ele foi agredido e expulso aos pontapés da Câmara dos Deputados enquanto almoçava nas dependências da Casa. Braga, por sua vez, alegou que foi provocado e se sentiu intimidado pelo ativista.
A legenda do deputado, o PSOL, contestou a abertura do processo, alegando motivação política. Glauber Braga sustenta que o relator Paulo Magalhães teria atuado sob influência de Arthur Lira, a quem acusa de perseguição após ser responsável, junto ao partido, por uma ação judicial que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a travar a destinação de emendas parlamentares em 2024.

Na época, Braga acusou Lira de “sequestrar” o orçamento público ao privilegiar aliados políticos com a liberação de verbas através das chamadas “emendas do relator”.
A tramitação do processo no Conselho de Ética não implica na cassação imediata do mandato de Braga. O deputado ainda pode recorrer à CCJ e, posteriormente, o parecer será submetido ao plenário da Câmara.
