EUA retiram sanções contra Moraes e esvaziam ofensiva de Eduardo Bolsonaro em Washington

(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
A decisão do governo dos Estados Unidos de retirar as sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e à esposa dele, com base na Lei Magnitsky, tende a esvaziar o projeto político do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em território norte-americano.
Desde meados de março de 2025, nos Estados Unidos, Eduardo vinha mantendo diálogo com integrantes do governo Donald Trump na tentativa de articular punições contra autoridades brasileiras. A atuação levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que tornou o parlamentar réu por coação no curso da Ação Penal nº 2.668, processo no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado por tentativa de golpe de Estado.
Relator do caso, Alexandre de Moraes apontou a existência de provas da materialidade e indícios suficientes de autoria. Segundo a decisão, Eduardo Bolsonaro teria atuado, a partir dos Estados Unidos, para pressionar pela imposição de sanções a autoridades brasileiras e pela aplicação de tarifas contra o Brasil.
Em julho, o deputado conseguiu que o governo Trump aplicasse a Lei Magnitsky e suspendesse vistos de algumas autoridades do país. Ao lado do blogueiro Paulo Figueiredo, Eduardo se apresentava como uma espécie de elo entre Brasil e Estados Unidos.
Saiba mais:
Mesmo após votação da Câmara, Zambelli e Ramagem já estão inelegíveis, dizem juristas
Concurso da Assembleia Legislativa mobiliza mais de 50 mil candidatos neste domingo
O cenário, porém, mudou nos últimos meses com a reaproximação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Desde esse movimento, os Estados Unidos recuaram em taxações sobre produtos brasileiros e, na última sexta-feira (12/12), revogaram as sanções contra autoridades do Brasil.
Para o cientista político Nauê Bernardo Azevedo, a retirada das punições representa um duro golpe na estratégia do deputado. Segundo ele, o impacto simbólico das sanções havia mobilizado a base mais radical de apoio, mas o recuo sinaliza o esgotamento da influência de Eduardo Bolsonaro junto ao governo americano.
Paralelamente, o parlamentar enfrenta problemas no Brasil. Nesta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou Eduardo sobre a abertura de procedimento administrativo para perda do mandato por excesso de faltas. A notificação, assinada na terça-feira (9/12) e publicada no Diário Oficial da União na quarta-feira (10/12), concede cinco dias úteis para apresentação de defesa por escrito.
O doutor em Direito do Estado pela USP, Renato Ribeiro de Almeida, avalia que a relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos segue uma lógica pragmática. Para ele, sanções envolvendo o ministro Alexandre de Moraes foram equivocadas e tendiam a ser revistas com a retomada das negociações e da normalidade das relações históricas entre os dois países.
Na avaliação do jurista, o recuo americano enfraquece o discurso extremista de Eduardo Bolsonaro e restabelece uma relação institucional mais estável e respeitosa entre Brasil e Estados Unidos, além de reforçar o diálogo entre os dois presidentes.
*Com informações do Metrópoles.






