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EUA retiram sanções contra Moraes e esvaziam ofensiva de Eduardo Bolsonaro em Washington

Recuo do governo americano enfraquece estratégia do deputado, que articulava punições a autoridades brasileiras
13/12/25 às 09:36h
EUA retiram sanções contra Moraes e esvaziam ofensiva de Eduardo Bolsonaro em Washington

(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

A decisão do governo dos Estados Unidos de retirar as sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e à esposa dele, com base na Lei Magnitsky, tende a esvaziar o projeto político do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em território norte-americano.

Desde meados de março de 2025, nos Estados Unidos, Eduardo vinha mantendo diálogo com integrantes do governo Donald Trump na tentativa de articular punições contra autoridades brasileiras. A atuação levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que tornou o parlamentar réu por coação no curso da Ação Penal nº 2.668, processo no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado por tentativa de golpe de Estado.

Relator do caso, Alexandre de Moraes apontou a existência de provas da materialidade e indícios suficientes de autoria. Segundo a decisão, Eduardo Bolsonaro teria atuado, a partir dos Estados Unidos, para pressionar pela imposição de sanções a autoridades brasileiras e pela aplicação de tarifas contra o Brasil.

Em julho, o deputado conseguiu que o governo Trump aplicasse a Lei Magnitsky e suspendesse vistos de algumas autoridades do país. Ao lado do blogueiro Paulo Figueiredo, Eduardo se apresentava como uma espécie de elo entre Brasil e Estados Unidos.


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O cenário, porém, mudou nos últimos meses com a reaproximação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Desde esse movimento, os Estados Unidos recuaram em taxações sobre produtos brasileiros e, na última sexta-feira (12/12), revogaram as sanções contra autoridades do Brasil.

Para o cientista político Nauê Bernardo Azevedo, a retirada das punições representa um duro golpe na estratégia do deputado. Segundo ele, o impacto simbólico das sanções havia mobilizado a base mais radical de apoio, mas o recuo sinaliza o esgotamento da influência de Eduardo Bolsonaro junto ao governo americano.

Paralelamente, o parlamentar enfrenta problemas no Brasil. Nesta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou Eduardo sobre a abertura de procedimento administrativo para perda do mandato por excesso de faltas. A notificação, assinada na terça-feira (9/12) e publicada no Diário Oficial da União na quarta-feira (10/12), concede cinco dias úteis para apresentação de defesa por escrito.

O doutor em Direito do Estado pela USP, Renato Ribeiro de Almeida, avalia que a relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos segue uma lógica pragmática. Para ele, sanções envolvendo o ministro Alexandre de Moraes foram equivocadas e tendiam a ser revistas com a retomada das negociações e da normalidade das relações históricas entre os dois países.

Na avaliação do jurista, o recuo americano enfraquece o discurso extremista de Eduardo Bolsonaro e restabelece uma relação institucional mais estável e respeitosa entre Brasil e Estados Unidos, além de reforçar o diálogo entre os dois presidentes.

 

*Com informações do Metrópoles.