A subsecretária da Semasc, Graça Prola é a convidada da Rede Onda Digital na série especial de entrevistas por conta do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. A gestora municipal abordou assuntos como secretaria da mulher, violência doméstica, assédio, crimes sexuais e violência obstétrica.
Maria das Graças Soares Prola é formada em serviço social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Atualmente é subsecretária Municipal de Políticas Afirmativas para Mulheres e Direitos Humanos e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Mãe de três filhos e avó de três meninas, Maria Fernanda, Maria Vitória e Maria Luiza, a assistente social é concursada do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM) e da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Nascida em Manicoré no interior do Amazonas, Graça Prola iniciou sua profissão como assistente social em um estágio supervisionado pela UFAM no Hospital Psiquiátrico Colônia Eduardo Ribeiro. O local já desativado, acolhia pessoas com transtornos mentais.
“Quando trabalhei no Centro Psiquiátrico, eu era acadêmica de serviço social, estagiária do curso de serviço social que era obrigatório. E lá a minha maior luta era quebrar o preconceito, principalmente do ponto de vista estrutural. Como o Casarão da Polícia Civil, onde a gente tirava a carteira identidade, na época a maioria dos doentes mentais não tinham o documento. Eu ia com 20 pacientes lá para o Casarão da Marechal Deodoro, para garantir o acesso a documentação básica”, disse Graça Prola sobre seu primeiro emprego.

Mulher na secretaria
Historicamente com poucas mulheres assumindo cargos de secretárias de estado no Amazonas, Graça Prola furou a bolha e foi chefa das pastas da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) e da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), nos governos de Eduardo Braga, Omar Aziz, José Melo e o mandato tampão de David Almeida.
“Eu trabalhei com o governador Eduardo Braga como secretária executiva da Secretaria de Estado de Assistência Social, eu trabalhei no governo do Omar Aziz, ainda como secretária executiva da Seas, no governo Melo eu fui para ser titular da Sejusc e depois no governo David Almeida eu continuei na Sejusc. Depois eu fui chamada para ser subsecretária municipal de Manaus pela Semasc. Eduardo Braga tinha uma marca bastante forte que era o comando do governo do estado e da equipe. O Omar Aziz era voltado muito mais para o interior do estado e o professor José Melo uma pessoa muito competente do ponto de vista do conhecimento do Amazonas e outra característica era saber ouvir definir prioridades conosco e gostei muito de trabalhar com ele”, declarou Prola sobre os governantes que trabalhou diretamente como secretária.

Leia mais:
Pauderney retorna à Câmara dos Deputados após Saullo Vianna assumir Semasc; entenda
MPAM investiga falta de acessibilidade nos CRAS de Manaus
Aposentada pelo TJAM e servidora da Secretaria de Saúde do Estado, Graça Prola trabalhou no Hospital e Maternidade Dona Lindu, participando da criação de diversos projetos, como o ‘Alta Social’ com conversas que identificam mulheres que sofrem violência doméstica, obstétrica ou sexual.
“O Alta Social é um projeto que realiza roda de conversas com as mães e seus companheiros no sentido garantir que o recém-nascido tenha uma vida saudável. Nessas rodas a gente identificava problemas de violência doméstica e ao longo das conversas, com isso a gente fazia um referência para que essas mulheres fossem acompanhadas. Sobre a violência obstétrica, isso ultrapassa até o conceito do SUS, que é de humanizar o atendimento. Frases ofensivas, má conduta nas práticas obstétricas não podem ser mais aceitáveis. No cotidiano presenciava frases ofensivas ao grito da mulher no parto com profissionais da saúde comparado com o ato sexual da paciente”, abordou a assistente social.
Marco histórico na defesa das mulheres brasileiras, a Lei Maria da Penha foi acompanhada de perto por Graça Prola. A norma regulamenta casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
“A lei Maria da Penha ela veio para fazer a cobertura ao vazio assistencial que nós mulheres tínhamos, no ponto de vista legal e de políticas públicas. A Lei Maria da Penha é o instrumento de coibição da violência seja na relação doméstica, seja na relação familiar. O acolhimento para mulheres que sofrem violência Aumenta a cada ano com delegacias e ouvidorias das mulheres”, disse Prola sobre a Lei que protege a mulher.
A prefeitura de Manaus e governo do Amazonas nunca criaram uma secretaria especificamente voltada para a mulher.
“O cargo de secretária de mulheres ele praticamente não existe, porque não existe uma secretaria específica de mulheres. Existem sim secretarias executivas, subsecretarias e setores voltados para políticas públicas para a mulher”, declarou Prola.
Aos 72 anos e uma vida inteira dedicada ao ativismo feminino e ao serviço social, Graça Prola afirma que o melhor caminho para uma mulher ser reconhecida e bem sucedida é a educação.
“A educação é o instrumento que nos move do ponto de vista familiar, do ponto de vista social e do ponto de vista profissional. Não é fácil, pelo fato de ser mulher via de regra é SEMPRE dIscriminada seja no meio público, seja no meio da administração privada. É necessário que você esteja sempre atenada, estude sempre, leia muito, para poder compreender a conjuntura para você lutar para garantir direitos de outras mulheres, mas como também resistir e garantir essa posição social desse mercado que é competitivo e machista”, finalizou a subsecretária da Semasc, Graça Prola.
