Durante uma sessão da Câmara Municipal de Manaus (CMM) realizada nesta quarta-feira (30/4), representantes de entidades empresariais se manifestaram contra o recente aumento da tarifa de ônibus na capital amazonense.
O reajuste, que elevou o valor da passagem em mais de 33%, desagradou não apenas os trabalhadores, como também lideranças como a presidente da Associação dos Jovens Empresários (AJE), Natasha Lins Mayer, e o representante da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomercio), Olin Corrêa .
Natasha usou a tribuna para demonstrar preocupação com os impactos econômicos da medida.
“Vim aqui manifestar nossa profunda preocupação com esse recente aumento de mais de 33% da tarifa de transporte coletivo. Como empresários, nós entendemos de custo, e sabemos que esse aumento terá um impacto significativo no orçamento, não só dos trabalhadores, mas também nas finanças das nossas empresas. Nossa preocupação é com a geração de empregos, que depende da mobilidade dos nossos colaboradores”, afirmou.
Além do impacto econômico, Natasha revelou que outros empresários têm medo de perseguição política por parte da prefeitura de Manaus.
“Como empresária, confesso que fui extremamente desestimulada de estar aqui. Muitos empresários desistiram de vir porque disseram que ’empresário que resolve conversas, que tenta negociar, é perseguido imediatamente’. Me disseram que amanhã todos os órgãos da Prefeitura estariam na minha empresa para tentar fechar e me fazer aprender que não podemos negociar”, relatou.
Veja a fala da presidente da Associação dos Jovens Empresários:
Na CMM, empresária fala sobre impactos do aumento da passagem de ônibus em Manaus e pede negociação pic.twitter.com/HqU0LlZciF
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) April 30, 2025
Saiba mais:
- Aumento da passagem de ônibus em Manaus repercute entre base e oposição na CMM
- Com pedido de cassação, Coronel Rosses revela apoio inusitado na CMM: “É um vereador do PT”
Olin Corrêa reforçou a fala de Natasha e destacou a importância de um sistema de transporte acessível e eficiente.
“As entidades e empresários locais compreendem que o transporte coletivo é um pilar fundamental da vida urbana, impactando diretamente trabalhadores, consumidores, toda a população e o comércio. Sabemos que qualquer aumento na tarifa altera o orçamento das famílias e também o funcionamento das empresas, que dependem da mobilidade eficiente de seus colaboradores”, afirmou.
Corrêa ainda destacou que reajustes devem estar acompanhados de transparência, melhorias na qualidade do serviço e acessibilidade à população, pontos frequentemente criticados no transporte coletivo da cidade.
Veja:
Representante da Fecomércio se opõe a aumento da passagem de ônibus em Manaus: “Altera o orçamento das famílias e também o funcionamento das empresas” pic.twitter.com/CL8yZcXQZP
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) April 30, 2025
Detalhes do aumento da tarifa de ônibus em Manaus
A nova tarifa do transporte coletivo urbano de Manaus entrou em vigor no dia 20 de abril, conforme decreto publicado no Diário Oficial do Município (DOM). Segundo o documento, o valor cheio da passagem passa a ser R$ 6.
Contudo, foram anunciadas diferentes faixas de desconto:
-
Pagamentos em dinheiro ou com cartão PassaFácil: R$ 5 por viagem.
-
Estudantes sem gratuidade: R$ 2,50, mediante apresentação de carteira estudantil válida.

-
Beneficiários do CadÚnico: terão uma tarifa social de R$ 4,50, mas esse valor só será aplicado dentro de até 60 dias, prazo necessário para a implementação e emissão do PassaFácil Social individual. Até lá, seguirão pagando R$ 5.
-
Trabalhadores com vale-transporte: seguem pagando o valor cheio de R$ 6, já que o benefício é custeado pelas empresas.
Aumento da tarifa causa impasse político
O aumento da tarifa de ônibus foi anunciado em fevereiro de 2025 pelo prefeito David Almeida, e desde então se tornou um tema de grande tensão entre a Prefeitura de Manaus e o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), que questiona a legalidade e os impactos sociais da medida.

A polêmica ganhou ainda mais força quando o Sindicato dos Rodoviários promoveu uma greve parcial de dois dias, em protesto pela não concessão de reajuste salarial. Segundo o prefeito David Almeida, o aumento da tarifa era necessário para garantir o reajuste da categoria, o que gerou críticas de diversos setores da sociedade, inclusive dos empresários que agora cobram mais transparência e diálogo.