Em entrevista exclusiva ao programa Tribuna Livre, da Rede Onda Digital, na quarta-feira (14/08), o ex-governador do Amazonas, José Melo, comentou os principais temas que rodam a sua vida pública, como sua cassação em maio de 2017 e sua prisão em dezembro daquele ano. Na ocasião, Melo deu destaque para nomes conhecidos da política amazonense, como os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), e ainda o ex-governador Amazonino Mendes.
Processo de cassação
O ex-governador afirmou que a ação de cassação movida pelo senador Eduardo Braga (MDB) que culminou na sua saída do poder em 2017 foi produto da “insatisfação” de Braga pela derrota nas eleições de 2014; que ocorreu com uma diferença de 173.527 votos:
“Não satisfeito, o Eduardo foi para a Justiça, alegando que eu havia ganho a eleição com compras de votos; 173 mil votos de diferença (…). Olha só a ironia, a alegação era assim: uma senhora, chamada Nair Blair, havia em uma igreja evangélica, comprado voto, essa era a alegação, e eu fui cassado por isso (…). Meses depois, a Justiça diz o seguinte: “não, essa senhora não comprovou votos” (…) mas eu já havia sido cassado (…) eu fui cassado por compra de votos, e a pessoa que, entre aspa, comprou voto, depois foi inocentada pela própria Justiça”, afirmou o ex-governador.
Decepção com Eduardo Braga
Ainda comentando o seu processo de cassação, Melo definiu Eduardo Braga (MDB) como a “maior decepção” da sua vida política, e destacou como foi relevante para a reeleição de Braga em 2006, quando venceu Amazonino Mendes no 1° turno:
“Eu trabalhei com Eduardo Braga durante muito tempo, eu era deputado estadual, ele me pediu para sair para vir ser o seu secretário de governo, que ele queria ser reeleito e era contra o Amazonino. E eu fui, digamos, o “maestro” que fez esse arranjo todo para ele ganha a eleição de uma lenda que era o Amazonino.
Eu tinha pelo Eduardo uma grande admiração; foi a maior decepção da minha vida na área política foi o Eduardo. Eu tinha carinho, respeito, amor e admiração por ele! Ele não honrou nada comigo, me traiu e depois acertou que iria me apoiar para eu ser governador, sucedendo o Omar, e ao contrario de vir me apoiar, ele veio foi bater de frente políticamente comigo. Então, ele foi pra mim o mar, e foi pra mim o fogo!
Operação Maus Caminhos
Sobre a sua prisão, que ocorreu em dezembro de 2017, na 3ª fase da Operação Maus Caminhos — nome em referência ao nome do Instituto Novos Caminhos (INC), supostamente utilizado por um grupo criminoso para viabilizar desvios e fraudes envolvendo recursos da saúde no Estado do Amazonas — o ex-governador afirmou:
“Como é que eu podia fazer parte dessa organização criminosa se eu nunca, na minha vida, tive qualquer contato ou falei com a pessoa que diziam que tinha formado uma quadrilha comigo? (…) Nenhum dos requisitos da lei sobre formação de quadrilha eu preenchia, nunca tive nenhum contato, nunca pratiquei nenhum ato para beneficiar a dita quadrilha, nada, absolutamente nada! (…) A minha cassação foi de uma injustiça fora do comum e a minha prisão foi maior ainda!”, afirmou.
Amazonino e Omar Aziz
Ao comentar sobre o seu grupo político, José Melo afirmou que fazia parte do grupo que tinha como cabeça o ex-governador Amazonino Mendes, e que desse “grupo vitorioso” saíram inúmeros políticos como: Eduardo Braga, Omar Aziz, Alfredo Nascimento, Samuel Hanan, Pauderney Avelino. Sobre esse grupo, Melo afirmou:
“Esse grupo se desfez quando eu fui cassado, por quê? Porque eu era a pessoa que me dispunha a trabalhar 24 horas por dia numa campanha política. Eu coordenava tudo, eu tinha a expertise de tudo, eu tinha conhecimento do interior, de todos os políticos, de todos os líderes comunitários, eu tinha tudo isso, era eu que fazia isso. De repente tiraram essa pessoa do circuito, o grupo se esfacelou (…)”, afirmou.
Sobre o futuro do grupo político que segundo Melo se “esfacelou”, o ex-governador afirmou que o senador Omar Aziz (PSD) é o líder político que pode aglutinar os antigos membros do grupo de Amazonino Mendes:
“Agora, eu vejo como uma certa alegria, que o nosso grupo está se aglutinando um pouquinho em torno do Omar; que é o que sobreviveu, que está muito bem, foi relator de matérias importantes, virou uma figura nacional respeitada, muito respeitado no interior; e pelo que eu percebo, ela tá mandando bastante recurso aqui para Manaus etc. Então, o Omar, eu acho que é o único cara que pode novamente aglutinar esse grupo”, concluiu o ex-governador.
Confira a entrevista completa: