A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) afirmou que considera criminosas as declarações do colega de parlamento, Nikolas Ferreira (PL-MG). No plenário da Câmara dos Deputados ontem, no dia internacional da mulher, Ferreira chegou a colocar uma peruca loira enquanto proferia um discurso de teor transfóbico.
Salabert declarou:
“Cassação é pouco porque um parlamentar não pode usar a imunidade como escudo para cometer crimes. Independente[mente] do ponto de vista político e ideológico de cada um, temos que seguir o entendimento da Suprema Corte brasileira, a qual reconhece a transfobia como um crime inafiançável. Parlamentar não é melhor do que ninguém, então você não pode usar a tribuna para cometer crimes, para fazer falas criminosas, racistas e transfóbicas.
Cometeu crime, tem que ser punido. A ferramenta que nós temos hoje é a prisão”.
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Ela também disse que tem reunião marcada com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais Alexandre Padilha e com o ministro da Justiça Flávio Dino, e vai cobrar uma resposta enérgica do governo Lula:
“Se a bandeira principal do governo Lula, além do combate à fome, foi a de defesa da democracia, se defendemos, de fato, a democracia, isso não pode ser apenas no campo verbal, tem que se materializar em práticas de fortalecimento das estruturas democráticas, como o Congresso Nacional, que não pode ser espaço para possibilitar crimes ou passar pano para falas preconceituosas”.
A fala e a conduta do deputado Nikolas Ferreira – que foi o mais votado do Brasil na eleição de 2022 – serão investigadas pelo Ministério Público Federal. Além disso, parlamentares do PSB e do PSOL já informaram que entrarão com pedido de cassação do mandato do deputado junto ao Conselho de Ética da casa.
Ferreira já responde a ação por injúria racial por ter ofendido a deputada Salabert em 2020, quando ambos eram vereadores em Belo Horizonte. Nikolas deu entrevista a um veículo de comunicação e se referiu a Duda usando pronome masculino. Ele nega ter cometido crime.