A declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a crise do oxigênio em Manaus, em entrevista ao Jornal Nacional dessa segunda-feira (22), causou indignação em usuários de redes sociais que enfrentaram um dos episódios mais traumáticos da história recente do Amazonas: a segunda onda de Covid-19 no estado.
Na sabatina com os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, o presidente afirmou que o fornecimento de oxigênio foi retomado dois dias após o início do colapso, em 14 de janeiro do ano passado. Bolsonaro acrescentou que o governo federal “fez tudo o que podia” para salvar vidas.
“Em menos de 48 horas já estavam chegando cilindros [de oxigênio em Manaus]. Lá foi uma coisa atípica, anormal, que aconteceu de uma hora para outra”, declarou o mandatário. “Fizemos a nossa parte em Manaus. Não faltou da nossa parte recursos biolionários para prefeitos e governadores enfrentarem a Covid”.
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Logo após a entrevista, no entanto, usuários do Twitter acusavam o presidente de distorcer os fatos e compartilharam relatos sobre tentativas de salvar pacientes e familiares em meio à falta de assistência do poder público.
“Não Bolsonaro, você não disse que Manaus NÃO ficou 9 dias sem oxigênio, que só ficou 48hrs. Eu fiquei 9 dias emendando borracha de silicone pra mais de 6 pacientes dividirem 1 cilindro de oxigênio ou uma saída de O2 porque eu quis”, escreveu Franck Borges, cuja postagem teve mais de 53 mil likes.
“Pessoas amontoadas em plena pandemia tentando comprar oxigênio a preço de ouro, e simplesmente não tinha pra todos. Eu era uma dessas pessoas. Quem estava em Manaus em janeiro de 2021 sabe a verdade“, disse Rommel Sousa. Em uma sequência de posts explicativos na mesma rede social, a agência AFP Checamos atestou, por meio de vídeos, depoimentos e matéria de portal, que o desabastecimento do insumo durou pelo menos seis dias.
“Sabe quais cilindros de oxigênio começaram a chegar em Manaus naquele 17 de janeiro de 2021 enquanto centenas morriam sem respirar? O carregamento enviado pela Venezuela para socorrer Manaus. Não houveram (sic) mais mortos graças a solidariedade latino-americana!”, afirmou a jornalista Martha Raquel.