O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), realizou uma grande reformulação administrativa e exonerou 465 servidores de cargos em comissão. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União no dia 7 de fevereiro e pegou os servidores de surpresa, pois não houve comunicação prévia, nem mesmo pelos parlamentares que os haviam indicado para os cargos.
A medida impactou especialmente os servidores ocupantes de Cargos de Natureza Especial (CNEs), que são altamente disputados por possuírem salários mais atrativos. Entre os cargos exonerados estão Assistente Técnico de Gabinete e Assessor Técnico Adjunto, funções de relevância no assessoramento de lideranças partidárias e comissões.
Parlamentares minimizaram as demissões em massa, afirmando que este tipo de mudança é comum quando uma nova gestão assume o comando da Câmara. Agora, os deputados aguardam a reestruturação da Mesa Diretora para renegociar os espaços políticos e indicar novos nomes para os postos.
Segundo o regimento da Câmara dos Deputados, os cargos exonerados têm a finalidade de prestar serviços de assessoramento à Mesa Diretora, Lideranças, Comissões, Procuradoria Parlamentar, Ouvidoria Parlamentar, Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e órgãos administrativos.
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Hugo Motta: o presidente mais jovem da história da Câmara
Aos 35 anos, Hugo Motta se tornou o presidente mais jovem da história da Câmara dos Deputados. Ele venceu a eleição realizada no dia 1º de fevereiro e comandará a Casa pelos próximos dois anos. Apesar da idade, Motta tem experiência política consolidada: este é seu quarto mandato consecutivo como deputado federal. Em 2010, ele se elegeu pela primeira vez aos 21 anos, tornando-se, na época, o mais jovem parlamentar eleito no país.
Anteriormente filiado ao MDB, Hugo Motta migrou para o Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Sua ascensão na política também se deve à sua origem familiar, sendo considerado um “herdeiro político”.
Seu avô, Nabor Wanderley da Nóbrega, foi prefeito de Patos (PB) na década de 1950. Seu pai, Nabor Wanderley Filho, também exerceu mandatos como prefeito e deputado estadual, enquanto sua avó, Francisca Motta, foi deputada estadual por seis mandatos e prefeita de Patos.
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Ao longo de sua trajetória na Câmara, o deputado teve papel de destaque na presidência da Comissão de Fiscalização e Controle (2014) e da CPI da Petrobras (2015), que contribuiu para o desgaste do PT e para o impeachment de Dilma Rousseff. Além disso, sua relação com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha levanta questionamentos. Reportagem da Folha de S. Paulo revelou que Motta teria assinado demandas para preservar a imagem de Cunha durante articulações políticas.
Apesar das divergências, Motta foi o candidato apoiado pelo governo Lula na disputa pelo comando da Câmara. Ele prometeu uma gestão baseada no diálogo, buscando evitar a polarização e distribuindo cargos importantes na Mesa Diretora para representantes do PT e do PL. O novo presidente também é conhecido por sua ligação com setores como o agronegócio e o mercado financeiro, o que pode influenciar a agenda legislativa nos próximos anos.
*Com informações de Metrópoles e Carta Capital