Em meio a um episódio que agita o cenário político nacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou seu perfil na rede social X (antigo Twitter) para se manifestar contra a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, na quarta-feira (19/02).
Na postagem, Bolsonaro afirmou que “o mundo está de olho Brasil” e comparou a situação com o que ocorre na Venezuela, em Cuba e Bolívia.
“O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo: todo regime autoritário, em sua ânsia pelo poder, precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias.”
“Seguiremos fazendo nossa parte para que todos saibam o que se passa no Brasil. A liberdade irá triunfar mais uma vez”, completou Bolsonaro.

O ex-presidente também republicou postagens do perfil satírico Joaquim Teixeira, que ironiza não só a acusação de golpe, mas também um suposto plano de assassinato do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As publicações são de montagens visuais impactantes, com a imagem de um caixão e uma “armadilha” destinada a “capturar e matar o Presidente Lula”.


A postagem enfatiza que a denúncia da PGR surgiu em um momento de crise, em que o governo atual enfrenta a pior aprovação de todos os tempos. Além disso, o post faz uma referência enigmática ao “Óscar” que “fechará a luta contra a ditadura com chave de ouro”, sugerindo uma narrativa que mistura humor ácido e crítica política.

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PGR denuncia Bolsonaro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, nessa terça-feira (18/2), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento numa trama golpista apontada pela Polícia Federal.
Bolsonaro é acusado pelos seguintes crimes:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
- e deterioração de patrimônio tombado.
Esta é a primeira vez que Bolsonaro é denunciado criminalmente perante o Supremo Tribunal Federal (STF) desde que se tornou presidente. Assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, a denúncia foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes.
A acusação representa a etapa mais avançada de uma investigação contra o ex-presidente no STF. Ao longo dos últimos anos, a Polícia Federal concluiu que o político cometeu crimes em ao menos cinco investigações que tramitam no tribunal. Em três delas, Bolsonaro foi indiciado.
A PF concluiu que ex-presidente cometeu crimes e o indiciou na investigação que apura fraude em seu cartão de vacinação, na apuração que mira a venda de joias sauditas presenteadas ao governo e, posteriormente, negociadas nos Estados Unidos, e nesta sobre a trama golpista.
A denúncia contra o ex-presidente será analisada pela Primeira Turma do STF. O colegiado é presidido pelo ministro Cristiano Zanin, a quem cabe marcar a pauta de julgamentos.
A expectativa é a de que a denúncia seja recebida pelo colegiado e que o ex-presidente se torne réu ainda neste primeiro semestre. Compõem a Primeira Turma os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux Ministro e Flávio Dino.
Se a denúncia for aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro se tornará réu e passará a responder a um processo penal no tribunal.
Também foram denunciados o ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto; e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Ao todo, são 34 denunciados.

Bolsonaro sabia de plano para matar Lula e concordou
De acordo com a denúncia da PGR, assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro sabia do plano para matar Lula no fim de 2022 e concordou com a trama.
“Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de “Punhal Verde Amarelo”. O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu , ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”, escreveu o procurador-geral.