Em entrevista concedida à Folha de S. Paulo na noite de domingo, 17, o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que vê excessos nas investigações realizadas pela Polícia Federal (PF).
Lira começou fazendo críticas à operação da PF que investiga fraudes na compra de kits de robótica, em Alagoas, seu reduto eleitoral. Ex-assessores e aliados do presidente da Câmara são investigados, e o próprio deputado teve seu nome citado no inquérito, já que a PF apontou uma lista de pagamentos atribuídos a ele. Em julho, atendendo à defesa de Lira, o ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a suspensão da investigação dos supostos desvios de recursos.
Na entrevista, Lira disse:
“Mais um abuso, um excesso. Não tem nada que foi provado com relação a isso, inclusive toda essa operação foi anulada pelo ministro Gilmar Mendes, e vocês sabem o porquê”.
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Ele comentou também sobre a atuação do ministro da Justiça, Flávio Dino, o que levou a comentar sobre a atuação da PF:
“No Parlamento, ele [Dino] tem lá suas dificuldades com a oposição, é normal do processo. O que não deve ter é uma polícia política, para nada. Isso é o pior dos mundos. Nem uma polícia com autonomia para fazer o que quer. Nós não temos isso. Polícia é o órgão de estado para cumprir determinações legais.
O atual governo, eu tenho dito, tem que ter esse cuidado com alguns excessos que estão aflorando. Eles tinham sido resolvidos e estão aflorando de novo com muita particularidade”.
O deputado também criticou o instrumento de delações premiadas de presos, especificamente a do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Lira declarou:
“Emitir juízo de valor sobre a questão de mérito, não vou fazer, não conheço o conteúdo da delação. Agora, ponto pacífico é que delação de réu preso é impossível”.