Alfredo Nascimento planeja pegar carona na votação de Salazar para se eleger deputado federal

O vereador Sargento Salazar e o presidente estadual do PL, Alfredo Nascimento. (Foto: reprodução)
“Votar em Salazar é votar em Alfredo Nascimento.” A frase é compartilhada por nove entre dez especialistas em marketing político no Amazonas, que avaliam que uma eventual candidatura do vereador Sargento Salazar (PL) a deputado federal pode recolocar o presidente do PL, Alfredo Nascimento, em destaque na Câmara dos Deputados por meio do quociente eleitoral.
A expectativa é de que o quociente eleitoral para a Câmara dos Deputados nas eleições do próximo ano oscile entre 190 mil e 200 mil votos. O PL calcula que Salazar seja capaz de alcançar cerca de 300 mil votos, ao menos 100 mil a mais do que o mínimo necessário para garantir, com votos próprios, uma vaga em Brasília.
Com essa sobra de votos de Salazar, Alfredo Nascimento teria de buscar mais 100 mil votos para conseguir a segunda vaga do partido em Brasília. O problema é que na última vez que tentou se eleger deputado federal, posto que ocupou entre 2015 e 2018, Alfredo estacionou em 46 mil votos e ficou com a primeira suplência do partido.
Neste cenário, em que a rejeição ao nome dele segue em alta, Alfredo teria que contar com duas outras possibilidades. A primeira é ter um terceiro nome forte na chapa do PL, mas que tenha menos votos que ele. A segunda é contar com uma votação ainda maior de Salazar e contabilizar as chamadas sobras partidárias e conseguir fazer um segundo deputado federal.
O que não pode acontecer é Salazar ter essa votação expressiva, mas Alfredo ou outro candidato integrante da chapa não alcançar 20% dos votos do quociente. Se o quociente for 200 mil, o segundo colocado para conquistar essa vaga teria de fazer mais de 40 mil votos.
Esse cálculo, por exemplo, impediu que o apresentador do boi-bumbá Garantido, Israel Paulain, se tornasse deputado federal em 2022, mesmo impulsionado pela votação expressiva de Amom Mandel (Cidadania). Paulain obteve pouco mais de 16 mil votos, número insuficiente para ultrapassar a barreira do quociente eleitoral, e os votos excedentes de Amom foram direcionados para a contagem das sobras eleitorais.
Assim, em um cenário em que Salazar seja o mais votado, Alfredo teria de repetir, ou até superar, o desempenho de 2022 para conseguir retornar a Brasília.
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Estratégia de convencimento
Ao longo deste ano o vereador Sargento Salazar relutou muito em aparecer nos eventos do PL e confirmar uma pré-candidatura a deputado federal no próximo ano justamente por essa possibilidade de “dar uma carona” para a eleição de Alfredo Nascimento, com quem ele e a chamada bancada da bala do PL vivenciaram conflitos pontuais.
Salazar chegou a dizer que gostaria de ser candidato a deputado estadual porque supostamente tem medo de viajar de avião, o que seria uma rotina em caso de eleição para a Câmara Federal. Ao mesmo tempo Alfredo insistia na necessidade do vereador disputar uma vaga em Brasília, tanto para ajudar na eleição dele próprio (Alfredo) quanto na formação de uma bancada forte do PL na Casa.
O tamanho da bancada na Câmara Federal define o quanto de recursos o partido terá dos fundos Partidário (anual) e Eleitoral (bianual), bem como tempo na propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão, dois itens estratégicos para um partido que deseja manter a hegemonia de seguir como o maior partido do País.
Desde o início de dezembro, contudo, uma série de eventos juntos, confraternizações e trocas de palavras amenas parece ter pacificado o PL e Salazar e Alfredo, que não falam sobre este assunto, deverão caminhar juntos na eleição de 2026.
De onde vem a força eleitoral do vereador
O cientista político e professor da Universidade Federal do Amazonas, Luís Antônio Souza, analisa que o voto em Salazar é o mesmo que um dia já foi dos irmãos Souza, Marcos Rotta, Sabino Castelo Branco e até em certo sentido de Amom Mandel, recordista de votos nas eleições de 2022, com a maior votação proporcional do País (mais de 15% dos votos válidos).
“Esse eleitor está abaixo da linha da cidadania e se agarra a salvadores da pátria. Mais do que salvadores, se agarram a alguém que pode expressar aquilo que eles sentem, vivenciam e têm no cotidiano. Salazar é expressão da senhora que vê o filho morto pelo tráfico, vê a filha usuária de drogas e não pode fazer nada”, analisa.
De acordo com avaliação do professor, para o eleitor de Salazar não faz diferença significativa um governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT) ou Bolsonaro (PL), portanto ele não têm a menor ideia de que no sistema eleitoral proporcional do Brasil ao votar em Salazar ele está ajudando a eleger também Alfredo Nascimento.
Jornalista e especialista em marketing político, Jefferson Coronel avalia que Salazar tem potencial para ultrapassar a votação recorde de Amom Mandel (288.555 votos), pois tem maior penetração no eleitorado dos municípios do interior, o que não ocorria com o deputado do Cidadania naquela eleição pois tinha votos concentrados em Manaus. “Ele pode sim superar o Amom e ajudar a eleger o Alfredo”, concorda Coronel.






