Bastidores: Omar não passa recado, e Braga expõe irritação com candidatura de Rotta lançada por David

(Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
Os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), destinatários ocultos de várias mensagens passadas pelo prefeito David Almeida (Avante) na coletiva que concedeu quinta-feira (13), “fecharam-se em copas” nesta sexta-feira (14/11) e evitaram polemizar ou mesmo comentar as falas do prefeito. A Onda Digital tentou ouvi-los, mas não obteve resposta.
Nos bastidores, contudo, os aliados de ambos deram o tom da reação dos senadores, principais atores políticos do movimento “O Amazonas Forte de Novo”, que traz Omar como pré-candidato ao governo do Estado e Braga à reeleição para o Senado Federal.
Omar confidenciou a aliados que não iria comentar publicamente as falas de David porque o recado não era para ele e, por isso, manteria a declaração que deu após sair de uma conversa dura com o prefeito há duas semanas. “Sou candidato com ou sem David”.
Eduardo Braga partiu para cumprir uma agenda no município do Careiro Castanho, na Região Metropolitana de Manaus (RMM), onde acompanharia obras na rodovia BR-319. Sobre a coletiva, Braga ficou incomodado com o relançamento da candidatura ao senado do secretário da Casa Civil da prefeitura, Marcos Rotta.
O nome de Rotta já havia frequentado a boca de David Almeida como possível candidato ao Senado em junho, num encontro com o presidente do Avante, Luís Tibé, mas desde então ambos (David e Rotta) não falaram mais do assunto até ontem, quando foi revelado que até partido Rotta já tem para encarar a disputa contra Braga, Plínio Valério, Alberto Neto, Marcelo Ramos e, possivelmente, Wilson Lima.
A leitura entre os “braguistas” é de que uma eventual candidatura de Marcos Rotta tira votos do senador em Manaus, onde ele já enfrenta uma brutal rejeição, e beneficia Alberto Neto, cujos votos “bolsonaristas” estão concentrados exatamente na capital amazonense.
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David é um “pote até aqui de mágoas”
A coletiva concedida por David Almeida, nesta quinta-feira, mostrou que ele, como o personagem da música Gota d’água“, de Chico Buarque e Maria Bethania, é um pote cheio de mágoas em relação aos senadores Omar Aziz e Eduardo Braga e que a qualquer momento pode desembarcar do movimento Amazonas Forte de Novo, onde só entrou pela metade e nunca afirmou peremptoriamente que apoiaria as candidaturas de Omar e Braga.
David sentiu-se especialmente pressionado a duas, quando uma comissão da Assembleia Legislativa do Amazonas, contrariando parecer do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), reprovou as contas do Governo do Estado de 2017, quando ele foi governador por cinco meses.
O fato é inédito e pode deixá-lo inelegível pelos próximos oito anos, o tirando da disputa de 2026, mas também de 2030, quando já estará fora da Prefeitura de Manaus e no sereno da política, onde tudo de ruim pode acontecer (abandono de aliados e processos judiciais).
O pote transbordou nessa semana quando a desembargadora Vânia Marques Marinho, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), autorizou o Ministério Público do Amazonas (MPAM) a abrir sete inquéritos para investigá-lo por vários crimes.
David ligou “lé com cré” e suspeitou que a reprovação das contas tenha as digitais dos senadores, pois os membros da Comissão de Assuntos Econômicos da Aleam, formada pelo relator do caso, Wilker Barreto (Mobiliza), a presidente do colegiado, Alessandra Campelo (Podemos), Rozenha (PMB) e Felipe Souza (PRD), estão no arco de alianças e influência deles, principalmente Alessandra, muito ligada a Braga e “ex-comunista” como Omar.
Na frente Judiciária, David fez o mesmo exercício e constatou que Vânia Marques é irmã do corregedor-nacional de Justiça e ministro do Superior Tribunal de Justiça, Mauro Campbell Marques, também muito próximos de Omar Aziz e de Braga, a quem deve a indicação para o STJ no governo Lula 2. Ser irmã de Campbell pode não significar nada, mas outros cinco desembargadores tinham recusado a missão nos últimos treze meses.
Uma fala de Braga, na última semana, repercutida exaustivamente nas redes sociais, também acionou o sinal de alerta no prefeito. Ao responder a uma pergunta simples, Braga enfatizou:”O que o povo não tolera é traição”.
Quem vai trair quem em março do próximo ano ninguém sabe, mas o cheiro de queimado desta aliança já está no ar.
Em tempo: o governador Wilson Lima assiste tudo isso de camarote e inaugurando neste sábado, com dinheiro de emenda parlamentar destinada por Omar Aziz, o primeiro trecho da reforma da rodovia AM-010, a Manaus-Itacoatiara.






