O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a se manifestar contra a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusa seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de tentativa de golpe de Estado. Em entrevista à CNN Brasil, o parlamentar classificou a acusação como uma “tese lunática” e afirmou que a narrativa construída pelo Ministério Público é um “delírio completo”.
A declaração foi dada um dia após o ex-presidente prestar depoimento à Polícia Federal (PF), na última terça-feira (10/6), como parte da investigação que apura uma suposta tentativa de subversão da ordem democrática. Para Flávio Bolsonaro, o interrogatório desmontou por completo a acusação da PGR.
“A tese lunática da PGR é a de que o golpe começou em 2021, em uma live do então presidente. E terminou com os atos do 8/1. A acusação foi desmontada por completo [durante o interrogatório de Bolsonaro]”, declarou o senador.
Segundo Flávio Bolsonaro, se houver um julgamento justo e imparcial, o ex-presidente já estaria absolvido. O senador foi mais longe e sugeriu que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, deveria arquivar imediatamente o processo.
“Se for um julgamento justo e imparcial, Bolsonaro terminou o dia de ontem absolvido”, afirmou Flávio Bolsonaro.

“Após as oitivas, se eu fosse o Paulo Gonet, arquivava tudo de uma vez hoje e pedia desculpas ao Bolsonaro”, comentou.
Defesa do direito à crítica ao sistema eleitoral
Segundo o senador, o ex-presidente apenas exerceu seu direito democrático de criticar o sistema eleitoral. Flávio defendeu que Jair Bolsonaro embasou suas críticas em análises técnicas feitas por peritos criminais, e não com o intuito de deslegitimar o processo eleitoral ou criar um ambiente propício a um golpe.
“O que é bem diferente de tentar desacreditar a Justiça Eleitoral para criar um ambiente de golpe”, pontuou Flávio Bolsonaro.

Minuta do golpe
Um dos principais pontos da denúncia da PGR envolve a chamada “minuta do golpe”, que teria sido elaborada por aliados do ex-presidente como parte de um plano para reverter o resultado das eleições de 2022.
Flávio Bolsonaro, no entanto, minimizou a existência do documento e afirmou que nenhum dos réus confirmou ter tido acesso ao texto.
Ele utilizou uma metáfora para ilustrar a situação:
“O tal rascunho de minuta de golpe parece aquela música do Zeca Pagodinho sobre o caviar: ‘Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar’.”
O senador também destacou que, mesmo com todas as suspeitas levantadas, a transição de governo entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) transcorreu dentro da “total normalidade”, o que para ele descredencia qualquer tentativa de associar seu pai aos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023, já sob o novo governo.
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Julgamento no STF sobre tentativa de golpe
A 1ª Turma do STF iniciou na segunda-feira (9/6), uma série de interrogatórios com os réus investigados por suposta organização criminosa responsável por planejar e executar atos antidemocráticos com o objetivo de impedir a posse de Lula, eleito democraticamente no pleito de 2022.

Entre os investigados estão nomes de peso do núcleo militar e político do governo Bolsonaro, incluindo:
Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
*Com informações de CNN