O preço do café continua subindo. O grão moído teve uma alta de quase 50,35% no acumulado dos 12 meses até janeiro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (11/2). Na variação mensal, a bebida ficou 8,56% mais cara em relação a dezembro de 2024.
No geral, a inflação de alimentos teve uma leve desaceleração na passagem de dezembro para janeiro, de 1,18% para 0,96%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, o café moído foi um dos itens que se manteve em alta.
E a previsão, no futuro próximo, é para o preço seguir em alta: Nos próximos 2 meses, o valor pode se elevar mais 25% nos supermercados, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Até dezembro, um pacote do café tradicional de 1 kg podia ser comprado por R$ 48,90.
Razões para a alta do café
Segundo Pavel Cardoso, presidente da Abic, o preço deve subir porque a indústria ainda não repassou ao consumidor toda o custo da compra de café, que encareceu 116,7% em 2024, em relação a 2023. A expectativa da associação é de que no segundo semestre o preço possa melhorar.
Outros motivos para a alta do preço, segundo especialistas, são:
Calor e seca: no ano passado, o clima gerou um estresse na planta, que, para sobreviver, teve que abortar os frutos, ou seja, impedir o seu desenvolvimento. Isso gerou aumento dos custos, e, para os consumidores, o produto ficou 110% mais caro.
Maior custo de logística: as guerras no Oriente Médio encareceram o embarque do grão nas vendas internacionais, elevando também o preço dos contêineres, principal meio para a exportação.
Aumento do consumo: o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo, atrás apenas da água. Os produtores brasileiros têm aberto espaço em novos mercados internacionais, o que influencia na oferta da bebida internamente.
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O preço no supermercado x o preço na padaria
A alta do preço do café no Brasil tem sido mais forte nos pacotes vendidos nos supermercados do que na bebida servida em bares e restaurantes. O preço do cafezinho servido fora de casa teve uma alta de 2,71% em janeiro, abaixo do aumento do café moído. Nos últimos 12 meses, a inflação do cafezinho foi de 10,49%, também abaixo da alta registrada no pacote do mercado.
José Eduardo Camargo, líder de conteúdo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), explica esse diferencial:
“Nos bares e restaurantes, há uma enorme variação nos tipos de café oferecidos, desde o coado até os de cápsula e os cafés especiais, então há muita diferença de preços. Os empresários procuram as melhores oportunidades de compra para segurar o preço e não perder clientes”.
Consumo de café aumenta – e quando o preço pode baixar?
Mesmo com o encarecimento, o consumo do grão tem aumentado cada vez mais, com novas receitas usando o grão. Entre janeiro e outubro de 2024, o consumo cresceu 1,1% no Brasil, apontam dados da Abic. Contudo, o consumo per capita caiu 2,22%.
Quanto a uma baixa dos preços… Isso ainda deve demorar um pouco. A safra de 2025 deve ser 4,4% menor em relação à safra anterior, sendo estimada em 51,8 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Apenas em setembro, quando termina a colheita da safra atual, será possível entender se o preço vai reduzir, aponta o presidente da Abic.
Além disso, Cardoso acredita que, com o clima se mantendo estável, há a expectativa de uma safra recorde em 2026, o que impactaria os valores nos supermercados positivamente ao consumidor, devido ao aumento da oferta.
*Com informações de G1