Em videoconferência hoje com suas autoridades militares, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky admitiu pela primeira vez aceitar que seu país não fará parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Uma possível entrada da Ucrânia na OTAN foi um dos principais motivos para a ofensiva russa sobre o país, que hoje completa 20 dias, e um compromisso de não-entrada é exigência do presidente Vladimir Putin para o cessar-fogo.
Zelensky declarou:
“A Ucrânia não é um membro da Otan. Entendemos isso. Durante anos, ouvimos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos que não podíamos aderir. Essa é a verdade e precisa ser reconhecida. Estou feliz que nosso povo comece a entender isso e a contar apenas com nossas próprias forças”.
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Ele ainda criticou a OTAN por não estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, afirmando:
“Ouvimos argumentos, dizendo que a Terceira Guerra Mundial poderia começar, se a Otan fechasse seu espaço para os aviões russos. Por isso não se criou uma zona aérea humanitária sobre a Ucrânia. Por isso os russos podem bombardear cidades, hospitais e escolas”.
A OTAN foi criada após a Segunda Guerra Mundial para proteger a Europa da ameaça soviética, mas continuou se expandindo mesmo após a queda do regime comunista. A aliança chegou até as portas da Rússia, incorporando 13 países da região aos seus membros, entre eles as ex-repúblicas soviéticas Estônia, Lituânia e Letônia. A Rússia vê essa expansão, e a tentativa de inclusão da Ucrânia (um “país-associado” que poderia adentrar a OTAN no futuro), como um passo dos Estados Unidos e da Europa na direção de cercar seu território.
Anteriormente, Zelensky também havia afirmado que era “questão de tempo” a Rússia acabar atacando algum território da OTAN.