O economista Mark Carney tomou posse nesta sexta-feira (14/03) como novo primeiro-ministro do Canadá, sucedendo Justin Trudeau. Em seu primeiro discurso no cargo, o premier não hesitou em responder às recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma possível anexação do Canadá aos EUA.
“Nunca, de forma alguma, faremos parte dos Estados Unidos“, afirmou Carney, classificando a sugestão de Trump como “loucura”. O republicano havia mencionado a possibilidade de o Canadá se tornar o 51º estado americano, o que gerou fortes reações no país vizinho.
Mudança de liderança no Partido Liberal
Carney foi eleito líder do Partido Liberal no último domingo (9), com 86% dos votos em uma eleição interna que mobilizou cerca de 152 mil filiados. O economista, de 59 anos, tem um extenso currículo no setor financeiro, tendo sido governador do Banco do Canadá e diretor do Banco da Inglaterra.
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Ele assume o cargo no lugar de Justin Trudeau, que liderou o país por mais de oito anos. O ex-primeiro-ministro anunciou sua renúncia em janeiro, abrindo caminho para a escolha de um novo líder liberal.
Tensões com os EUA e desafios do novo governo
Carney assume o governo em um momento de tensões comerciais e políticas com os Estados Unidos. A relação entre os países tem sido marcada pela guerra comercial promovida por Trump e pelas declarações do presidente americano sobre uma suposta anexação do Canadá.
O mandato de Carney será interino, já que novas eleições federais devem ocorrer até 20 de outubro. No entanto, o pleito pode ser convocado ainda nesta semana. Caso o governo não tome essa iniciativa, a oposição pode forçar uma votação antecipada por meio de uma moção de censura no Parlamento.
Trajetória e desafios políticos
Apesar de ser um novato na política, Carney conquistou credibilidade por sua atuação no setor financeiro, especialmente durante a crise de 2008, e por ter sido o primeiro estrangeiro a comandar o Banco da Inglaterra, em 2013.
Sua candidatura à liderança do Partido Liberal foi anunciada em janeiro, em meio à disputa interna com Chrystia Freeland, ex-vice-primeira-ministra. Freeland foi afastada do Ministério das Finanças por Trudeau, mas manteve o papel de articuladora das relações com os EUA. Após sua renúncia, publicou uma carta crítica ao governo, contribuindo para o desgaste de Trudeau.
Analistas apontam que a falta de experiência política de Carney pode representar um desafio, mas sua reputação como líder econômico foi um dos fatores que garantiram sua ascensão à chefia do governo canadense.