Tiros ecoaram em torno de médicos, pacientes e refugiados palestinos durante o que eles descreveram como uma fuga aterrorizante e caótica do Hospital Nasser, em Gaza, após invasão das forças israelenses.
Sobreviventes do ataque da semana passada contra o segundo maior hospital de Gaza disseram que, em seguida, tiveram que enfrentar uma traiçoeira caminhada até um local seguro pelo escuro, passando por cadáveres ao longo do trajeto.
Um médico relatou que um enfermeiro foi detido, despido e levado aos gritos em um ponto de checagem israelense.
“Havia fumaça em todo lugar, parecia o dia do juízo final, pessoas correndo por todo lado”, disse o médico Ahmed al-Mughraby, chefe do departamento de cirurgia plástica, que fugiu com esposa e filhos.
Mughraby, que encontrou refúgio para a família em um abrigo perto de outro hospital onde agora trabalha, disse que as forças israelenses ordenaram que todos se retirassem, exceto pacientes que não conseguissem andar e os médicos que cuidavam deles.
Detalhes do ataque militar contra o Hospital Nasser surgem gradualmente, à medida que as pessoas que fugiram ou foram retiradas chegam em Rafah, o último local relativamente seguro na Faixa de Gaza, a cerca de 10 km da fronteira com o Egito.
Israel descreveu o ataque como uma operação de precisão conduzida por forças especiais com o objetivo de recuperar corpos de reféns israelenses. Afirmou que não obrigou pacientes e funcionários a saírem e que houve esforços para garantir que o hospital continuasse funcionando.
Mas a invasão gerou alarme em agências de auxílio humanitário, e a Organização Mundial de Saúde afirmou que o tamanho dos danos é “indescritível”. A OMS, agência sanitária da ONU, realizou duas operações de retirada do Hospital Nasser desde quinta-feira passada, mas disse, nesta terça-feira (20/02), ter preocupação com cerca de 150 pacientes e médicos que ficaram no local, onde os combates continuam.
O Hamas negou usar o hospital e disse que as acusações de Israel são “mentiras”. O Ministério da Saúde de Gaza disse que Israel deteve 70 funcionários e voluntários que trabalhavam no local.
A OMS afirmou que o hospital parou de funcionar na semana passada, após o cerco e o ataque de Israel, e não tem mais eletricidade ou água corrente, com resíduos médicos e o lixo criando um terreno fértil para doenças.