Pesquisadores da Universidade de Milão, em colaboração com a Fundação Ca’ Granda do Hospital Policlínico Maggiore de Milão, na Itália, revelaram nesta quinta (29/8) uma análise de tecido cerebral de duas múmias encontradas em cemitério de Milão, que apontou evidências de uso de cocaína. A descoberta é significativa porque mostra que a substância era usada no continente europeu dois séculos antes do que se imaginava.
A descoberta, publicada no Journal of Archaeological Science, mostra que foram analisados o tecido cerebral de dois indivíduos mumificados encontrados na cripta Ca’ Granda em Milão, um cemitério do século 17 associado ao Ospedale Maggiore, um hospital que atendia principalmente pessoas carentes.
Os cientistas encontraram componentes ativos da planta da coca (Erythroxylum spp.) em ambas as amostras, incluindo o alcaloide da cocaína, bem como a benzoilecgonina (metabólito inativo da cocaína) e a higrina.
Essa descoberta desafia a crença amplamente difundida de que a cocaína não havia chegado à Europa até o século 19, quando foram desenvolvidos métodos químicos para extraí-la da planta.
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Os pesquisadores especulam que a cocaína pode ter sido usada de forma recreativa, como automedicação, ou pode ter sido administrada por curandeiros que não praticavam no hospital. Afinal, o estudo não encontrou registros de uso medicinal da coca no hospital. A presença de higrina, um composto encontrado nas folhas de coca, mas não na cocaína purificada, sugere que esses indivíduos provavelmente mascavam as folhas ou as consumiam como chá.
As análises também mostram que a droga foi consumida pouco antes da morte dos indivíduos.
Agora, os pesquisadores se perguntam como poderia ter ocorrido o transporte da cocaína para a Europa no século 17, o que representaria um desafio devido às longas travessias transatlânticas e à possível degradação da planta durante a viagem.
*Com informações do Metrópoles.