Vários russos derramaram tinta em urnas em protesto durante o início da eleição presidencial na Rússia. Especialistas apontam que é quase certo que o pleito dará um quinto mandato a Vladimir Putin. A dissidência foi proibida na Rússia desde que o país deu início à invasão da Ucrânia, há mais de dois anos.
Vários locais de votação em toda a Rússia mostraram manifestantes derramando nas urnas, o que as autoridades descreveram como corante para estragar os votos expressos. Um vídeo de câmeras de segurança de uma seção eleitoral em Moscou mostrou uma jovem derramando o que parecia ser tinta verde em uma urna eleitoral.
Ela foi imediatamente detida e enfrenta acusações criminais por obstruir as eleições, segundo a mídia estatal russa RIA Novosti. As urnas foram abertas nesta sexta-feira (15/03), no horário local, nos 11 fusos horários da Rússia. Com a maioria dos candidatos da oposição mortos, presos, exilados, impedidos de concorrer ou simplesmente tendo números simbólicos, espera-se que Putin chegue à vitória, prolongando o seu governo até pelo menos 2030.
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Embora o resultado da eleição não esteja em dúvida, é importante para o Kremlin que esse ritual corra bem, com poucas manifestações contrárias. Mas, mesmo assim, os eleitores organizaram protestos semelhantes nas regiões de Voronezh, Rostov e Karachay-Cherkessia, segundo Alena Bulgakova, presidente da Câmara Cívica Russa. Bulgakova alegou que a simultaneidade dos incidentes era evidência de uma “provocação deliberada e organizada”.
Ella Pamfilova, presidente do Comitê Eleitoral Central da Rússia, chamou os manifestantes de “escória” e afirmou, sem provas, que vários dos que derramaram líquido nas urnas foram pagos para fazer isso. O governo russo alega frequentemente que os atos de dissidência política são “provocações” pagas, em vez de atos genuínos de protesto.
A tinta verde tem sido usada em ataques a jornalistas russos e figuras da oposição, principalmente ao falecido crítico do Kremlin, Alexei Navalny, o adversário mais formidável de Putin.
Navalny morreu em uma prisão no Ártico há um mês. O serviço penitenciário da Rússia ressaltou que ele “se sentiu mal depois de uma caminhada” e perdeu a consciência, atribuindo posteriormente sua morte a causas naturais. O Kremlin negou qualquer envolvimento na sua morte.