Irmgard Furchner, ex-secretária do campo de concentração nazista em Stutthof, foi condenada hoje, 20, no tribunal de Itzehoe, no norte da Alemanha, em julgamento que se iniciou em setembro em 2021. Furchner tem hoje 97 anos de idade.
Ela foi contratada para trabalhar como datilógrafa no campo de Stutthof, quando era adolescente, entre 1943 e 1945. Ela tinha entre 18 e 19 anos de idade, e por isso foi julgada em um tribunal especial de menores. Furchner foi condenada por cumplicidade no assassinato de mais de 10.505 pessoas, a dois anos de prisão, com suspensão de pena.
Acredita-se que cerca de 65 mil pessoas tenham morrido em condições horríveis em Stutthof, incluindo prisioneiros judeus, poloneses não judeus e soldados soviéticos capturados.
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O julgamento de Furchner, o primeiro de uma mulher por crimes nazistas em décadas, faz parte de uma série que tem sido realizada na Alemanha desde 2011. Naquele ano, a condenação do ex-guarda do campo de extermínio nazista John Demjanjuk estabeleceu o precedente de que ser guarda era evidência suficiente para provar cumplicidade. O juiz considerou que Furchner, embora fosse uma funcionária civil, estava totalmente ciente do que acontecia no campo. Ele trabalhava diretamente para o oficial comandante do campo.
Durante o julgamento, ela disse apenas o seguinte em seu depoimento:
“Sinto muito por tudo o que aconteceu. Lamento estar em Stutthof na época — é tudo o que posso dizer”.
O julgamento contou também com o depoimento de sobreviventes do campo. Um deles Manfred Goldberg, lamentou apenas por considerar que a suspensão de pena foi “um erro”:
“Ninguém em sã consciência mandaria uma pessoa de 97 anos para a prisão, mas a pena deveria refletir a gravidade dos crimes. Se um ladrão de lojas é condenado a dois anos, como pode alguém condenado por cumplicidade em 10 mil assassinatos receber a mesma pena?”.