O governo do Irã declarou nesta segunda-feira (23/6) que o recente ataque dos Estados Unidos às suas instalações nucleares ampliou o escopo de alvos considerados legítimos para possíveis ações de retaliação militar. O porta-voz das forças armadas iranianas, Ebrahim Zolfaqari, fez um pronunciamento televisionado direcionando ameaças ao presidente dos EUA, Donald Trump, a quem chamou de “apostador” por se alinhar a Israel no atual conflito.
“Senhor Trump, o ‘apostador’, você pode começar esta guerra, mas seremos nós que a terminaremos”, declarou Zolfaqari, segundo a agência Reuters.
O ataque militar realizado pelos EUA ocorreu no sábado (21) e atingiu três importantes instalações nucleares iranianas localizadas em Fordow, Isfahan e Natanz. Esses locais são peças centrais do programa nuclear do país, abrigando tecnologias de enriquecimento de urânio e de desenvolvimento de combustível nuclear.

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De acordo com o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, as instalações sofreram “danos severos” durante os bombardeios. Apesar disso, o governo iraniano confirmou que conseguiu remover equipamentos de grande valor estratégico antes que as ofensivas fossem realizadas, minimizando parte dos impactos.
A ofensiva marca a entrada oficial dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã, escalando ainda mais as tensões no Oriente Médio. Em meio ao conflito, Trump sugeriu no domingo (22.jun) uma possível mudança de regime no Irã, atualmente sob liderança do aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima do país persa.
“Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas se o atual regime iraniano não é capaz de tornar o Irã grande de novo, por que não haveria uma mudança de regime?”, publicou o republicano em seu perfil na Truth Social.

Na mesma postagem, Trump ironizou com o termo “Miga” — “Make Iran Great Again” — uma alusão ao seu famoso slogan de campanha “Maga” (“Make America Great Again”).
Em resposta, Khamenei classificou o ataque como um “grande erro, um grande crime” e garantiu que a punição a Israel continua. Ele voltou a chamar o Estado judeu de “inimigo sionista”, reforçando o tom beligerante do governo iraniano.
A crise também se intensificou no plano econômico. No mesmo dia, o parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, principal rota marítima para exportação de petróleo e produtos derivados dos países do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Iraque e Kuwait. O estreito é responsável pelo transporte de cerca de 20% a 30% da demanda global de petróleo.
A decisão final sobre o bloqueio cabe agora ao Conselho de Segurança Nacional do Irã e ao próprio aiatolá Ali Khamenei.