O papa Francisco pediu desculpas, nesta segunda-feira (25), a todos os povos nativos do Canadá pelo papel da Igreja Católica nas escolas onde crianças indígenas eram abusadas, classificando a assimilação cultural forçada como um “mal deplorável” e um “erro desastroso”. Ao falar em um local próximo de onde ficavam duas das escolas em Maskwacis, em Alberta, Francisco foi além, pedindo desculpas pelo apoio do cristianismo em relação à “mentalidade colonial” geral dos tempos, pedindo uma “investigação séria” das escolas para ajudar os sobreviventes e descendentes a se curar.
“Com vergonha e de maneira inequívoca, eu suplico humildemente por perdão pelo mal cometido por tantos cristãos contra os povos indígenas”, disse Francisco na cidade.
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O papa de 85 anos, que ainda está usando uma cadeira de rodas e uma bengala por conta de uma fratura no joelho, está fazendo uma turnê de uma semana para pedir desculpas no Canadá para cumprir uma promessa feita a delegações indígenas que o visitaram no início do ano no Vaticano, onde fez um pedido de desculpas inicial.
Líderes indígenas usando cocares de guerra com penas de águias saudaram o papa como um cacique, e o receberam com cantos, tambores, danças e canções de guerra.
“Estou aqui pois o primeiro passo de minha peregrinação de penitência entre vocês é novamente o de pedir desculpas, dizendo a vocês mais uma vez que lamento profundamente”, disse.
Francisco se dirigiu aos grupos indígenas no Parque do Urso, no território Pow-Wow, parte do território ancestral dos povos Cree, Dene, Blackfoot, Saulteaux e Nakota Sioux.
“Perdão pelas maneiras em que, lamentavelmente, muitos cristãos apoiaram a mentalidade colonizadora das potências que oprimiram os povos indígenas. Eu sinto muito”, disse o papa durante a reunião com os primeiros povos, povos Metis e Inuit.
“Diante desse mal deplorável, a Igreja se ajoelha diante de Deus e implora seu perdão pelos pecados de seus filhos”.
Histórico
Entre 1881 e 1996, mais de 150 mil crianças indígenas foram separadas de suas famílias e trazidas para escolas em regime de internato. Muita das crianças passavam fome, sofriam agressões e abusos sexuais em um sistema chamado pela Comissão de Reconciliação e Verdade do Canadá como “genocídio cultural”.
“Eu peço perdão, especialmente, pela maneira como muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas colaboraram, não apenas por sua indiferença, mas em projetos de destruição cultural e assimilação forçada promovida por governos daquelas épocas, que culminaram no sistema dos colégios internos”, disse o papa.