Relatório publicado nesta quinta-feira, 4, pelo Banco Mundial aponta que choques climáticos poderão empurrar de 800 mil a 3 milhões de brasileiros para a pobreza extrema já em 2030, mesmo em cenário que não inclua grandes rupturas ambientais no país. O relatório também indica que os impactos devem ser significativos já a curto prazo.
Os mais pobres deverão ser impactados pelos custos de desastres naturais, principalmente inundações e secas, elevação dos preços de alimentos, perdas em saúde e redução da produtividade do trabalho.
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O documento cita estudo produzido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que aponta que o Brasil pode atingir em breve um ponto de inflexão para além do qual a bacia amazônica não mais teria chuvas suficientes para sustentar os ecossistemas e garantir abastecimento de água e armazenamento de carbono. Nessa hipótese, combinando mudanças climáticas, desmatamento e expansão de áreas de pastagem, o impacto acumulado até 2050 sobre o PIB do Brasil é estimado em 920 bilhões de reais (184 bilhões de dólares), equivalente a 9,7% do PIB atual.
O relatório faz recomendações ao Brasil, no sentido de melhorar a eficiência da política orçamentária para que o país alcance seus objetivos. O Banco Mundial sugere a redução de subsídios a setores poluentes e a taxação de atividades de extração de combustíveis fósseis – esta última medida com potencial de arrecadação de 150 bilhões de reais por ano até 2030.
Também é recomendado que Brasil invista 3,7% do PIB por ano em infraestrutura, contra o nível de apenas 1,7% observado em 2021; e que invista 1% do PIB ao ano em ações climáticas adicionais, como planos de descarbonização, recuperação de pastagens e medidas para redução de poluição na indústria.
O documento afirma:
“É necessário agir no sentido de conciliar a disciplina fiscal com as necessidades de desenvolvimento do Brasil e manter espaço fiscal para financiar investimentos e programas voltados para as mudanças climáticas”.