Testes clínicos de transplante de rins de porcos em humanos são autorizados nos EUA

(Foto: Getty Image)
A pesquisa com órgãos de porcos para transplantes em humanos acaba de entrar em uma nova fase. A empresa de biotecnologia eGenesis anunciou nesta segunda-feira (8/9) que recebeu autorização da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, para iniciar ensaios clínicos com rins de porcos geneticamente editados.
Os animais são modificados com a tecnologia CRISPR, que desativa o gene responsável pela produção do carboidrato alfa-gal, principal causa de rejeição imediata em humanos. A expectativa é que os testes, em maior escala, ajudem a reduzir a fila de transplantes nos EUA, que hoje ultrapassa 100 mil pessoas, sendo 86% à espera de um rim.
Nos últimos anos, alguns procedimentos experimentais — chamados de xenotransplantes — já foram realizados em caráter emergencial. Entre eles, cirurgias pioneiras no NYU Langone e na Universidade de Maryland, além do Hospital Geral de Massachusetts (Mass General), que na última semana anunciou seu terceiro transplante de rim de porco. O paciente, Bill Stewart, de 54 anos, recebeu o órgão em junho, já voltou para casa e até retomou o trabalho.
Casos anteriores também chamaram atenção. Em 2024, Rick Slayman se tornou o primeiro receptor vivo de um rim de porco geneticamente editado, mas faleceu dois meses depois de causas não relacionadas ao órgão. Já Tim Andrews, de 67 anos, operado em janeiro no Mass General, continua com o rim funcionando e é hoje o paciente mais longevo com esse tipo de transplante.
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A autorização do FDA marca um avanço histórico. A eGenesis prevê iniciar o tratamento do primeiro paciente ainda este ano e alcançar 33 pessoas em dois anos e meio. Já a United Therapeutics, outra empresa da área, planeja testar rins de porco em até 50 pacientes.
Para especialistas, o momento é de otimismo. “A única forma de entender como esses órgãos funcionam em diferentes perfis de pacientes é por meio de estudos maiores”, afirmou Mike Curtis, CEO da eGenesis. Segundo pesquisa da Associação Americana de Pacientes Renais, mais de 70% dos entrevistados aceitariam um rim de porco aprovado pelo FDA.
Além de representar esperança para quem enfrenta longos anos de diálise, os ensaios devem ajudar a avaliar a durabilidade e segurança dos órgãos em pessoas em estágios menos avançados da doença renal. Como resumiu o nefrologista Leonardo Riella, do Mass General: “Agora é a hora de testar não apenas se funciona, mas por quanto tempo funciona.”
*Com informações da CNN Brasil.
