Dia da Cachaça: Saiba quais os efeitos no corpo e riscos do consumo em excesso
Segundo a nutricionista Sálvia Belota, o excesso pode ocasionar em problemas de saúde graves

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Dia 13 de setembro, é o Dia da Cachaça. Bebida a qual o Brasil é o 3º maior consumidor do mundo em volume total, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. No país, o setor da cachaça registrou crescimento no número de produtos e de produtores. Foram 1.225 registros de cachaças e 49 estabelecimentos elaboradores da bebida em 2024.
Mas você sabe como a bebida reage no corpo humano ou quais os perigos do excesso de consumo?
Segundo especialistas, a bebida alcoólica destilada com teor alcoólico, geralmente entre 38% e 48%, exerce efeitos significativos no organismo humano, especialmente quando consumida de forma crônica ou em excesso.
“Do ponto de vista científico, o álcool presente na cachaça é metabolizado principalmente no fígado pelas enzimas. Esse processo leva à formação de acetaldeído, um metabólito altamente tóxico, que contribui para lesões celulares, inflamação e estresse oxidativo”, explica a especialista em nutrição clínica e funcional, Sálvia Belota.
A nutricionista ressalta que o excesso pode ocasionar problemas de saúde graves.
“O consumo regular de cachaça em quantidades elevadas está associado a diversas alterações hepáticas, que podem evoluir em estágios progressivos: esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), hepatite alcoólica e, em longo prazo, cirrose hepática, condição irreversível marcada por fibrose extensa e perda da função do órgão. Além disso, o consumo excessivo aumenta o risco de carcinoma hepatocelular”, detalha.
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Sálvia também conta que o uso frequente de cachaça compromete a absorção, o metabolismo e o armazenamento de diversos micronutrientes. Entre os mais afetados estão:
- Vitaminas do complexo B: a tiamina (B1), riboflavina (B2), niacina (B3), piridoxina (B6), ácido fólico (B9) e cobalamina (B12). A deficiência dessas vitaminas está associada a alterações neurológicas, anemia megaloblástica e prejuízo no metabolismo energético. A carência de tiamina, em especial, pode levar à síndrome de Wernicke-Korsakoff.
- Vitamina A: o álcool reduz a capacidade hepática de armazenamento dessa vitamina, importante para visão, imunidade e integridade celular.
- Vitamina D: o comprometimento hepático dificulta a ativação da vitamina D, prejudicando a saúde óssea e aumentando o risco de osteopenia e osteoporose.
- Vitamina K: a disfunção hepática afeta a síntese de fatores de coagulação dependentes de vitamina K, aumentando o risco de hemorragias.
- Minerais: o consumo excessivo de álcool leva à má absorção de zinco, magnésio, cálcio e ferro.
- Zinco: essencial para imunidade, cicatrização e função reprodutiva.
- Magnésio: sua deficiência provoca cãibras, arritmias e fadiga.
- Cálcio: junto à vitamina D reduzida, aumenta risco de fragilidade óssea.
- Ferro: o álcool interfere tanto na absorção quanto na utilização, favorecendo quadros de anemia.
O sistema cardiovascular também pode ser afetado.
“Aumenta o risco de pancreatite, interfere na absorção de nutrientes e pode gerar dependência. No sistema nervoso central, seu efeito depressor favorece alterações cognitivas, prejuízo da memória e comportamento impulsivo, aumentando a vulnerabilidade a acidentes e violência”, explica.

Por Gaby Santos | 13/09/25 às 09:00h