Você já experimentou o bolinho de piracuí de bodó? Descubra como ele é feito

Quem nunca tomou aquela cerveja gelada ali nos bares Calçada Alta ou Caldeira, no Centro, e comeu o delicioso bolinho de bacalhau feito a partir de receitas portuguesas quase centenárias dos fundadores? Pois é, essa delícia da gastronomia boêmia tem uma versão baré que está ganhando escala industrial a partir da Iguarias da Amazônia, empresa que está produzindo bolinhos de piracuí de bodó e de pirarucu para abastecer o mercado de Manaus, mas já de olho no mercado brasileiro.

O portfólio de produtos da Iguarias da Amazônia é fruto de trabalhos de pesquisa e desenvolvimento feito na startup Iguaritec, um centro de pesquisas que inovou ao produzir alimentos congelados usando insumos da região, que no caso, são os salgados congelados a base de peixes.
“Nossa missão é valorizar a cultura gastronômica regional, agregando valor por meio do conhecimento, sabor e inovação. E assim oferecer um produto de qualidade e seguro pra alimentação”, afirma a diretora da Iguarias Amazônicas, Helen Mota.

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Saberes e sabores
Neste trabalho de unir ciência, gastronomia regional e inovação, Helen ressalta que não é possível parar de estudar. Ela conta que é cozinheira formada pelo Senac-AM, com pós-graduação na Estácio e agora está completando o curso de Tecnologia de Alimentos no Instituto Federal do Amazonas (Ifam). Na Igaritec ela trabalha com o doutor em Biotecnologia e Bioeconomia Élcio Sadala, o diretor de projetos.
A especialista também destaca o impacto que uma empresa voltada para a gastronomia regional e o desenvolvimento de produtos feitos com insumos locais causa na sociedade. São quatro funcionários fixos e outros 15 que trabalham indiretamente em instituições parceiras, como o próprio Ifam e o Centro de Turismo e Hotelaria do Senac (CTH). Nestes locais a ciência produzida em um encontra as cozinheiras do outro e que vão dar forma final aos produtos.
“No caso do nosso produto estrela, o acari-bodó, um peixe cascudo com aparência singular, abundante em rios e igarapés, é preciso primeiro trabalhar a comunidade, tirar o preconceito. Mas optamos por ele e não pelo tambaqui, por exemplo, porque o piracuí, a farinha do bodó, abre um leque de opções gastronômicas para a gente”, explica.

Um ponto importante para a empresa é garantir a segurança alimentar, inovar e padronizar o produto, além de dar a rotulagem necessária para que ele possa estar nas gôndolas de um supermercado. “Não vemos nossas iguarias dentro dos supermercados de Manaus. Queremos reverter isso“, conta.

Neste trabalho, Helen também destaca o foco nos arranjos produtivos e associação com as comunidades ribeirinhas produtoras. O piracuí, por exemplo, vem de comunidades pescadores de Monte Alegre, município do Oeste do Pará. Já a macaxeira é produzida em Manacapuru, Manairão e Novo Airão. “Os temperos e ervas a gente compra de comerciantes locais ali na feira da Manaus Moderna“, acrescenta a empreendedora.
Essa história empreendedora avança a passos largos e hoje, só com o bolinho de piracuí são 500 quilos de produtos ao mês, mas a meta é dobrar a produção e conquistar mercados fora do Amazonas.
“Quebramos a barreira territorial com a parceria do restaurante da chefe Luana Genérsio, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Ela tem um restaurante lindo, todo temático, que fala da Amazônia e nós conseguimos colocar o bolinho de piracuí no cardápio dela”, conta, orgulhosa.

Confira uma receita do bolinho de piracuí:
Ingredientes
- 500 gramas de Piracuí;
- Cinco batatas cozidas;
- Duas colheres de leite em pó;
- Dois ovos inteiros;
- Duas colheres de manteiga;
- Duas colheres de farinha de trigo;
- Sal, quanto bastar;
- Farinha de rosca, quanto bastar.
Modo de preparo:
- Misture todos os ingredientes, colocando a farinha de trigo por último;
- A mistura deve ficar no ponto de fazer os bolinhos;
- Empane as bolinhas na farinha de rosca;
- Frite em óleo bem quente;
- Sirva com maionese ou molho rose e salteado com cheiro verde.
Agora confira como fazer a farofa saborizada de Piracuí e Uarini ovinha:
