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Da alimentação ao manejo: o que você precisa saber antes de adotar um coelho

Em entrevista à Rede Onda Digital, o médico-veterinário Laércio Chiesorin Neto deu algumas dicas de como lidar com esses bichinhos
12/10/25 às 18:00h
Da alimentação ao manejo: o que você precisa saber antes de adotar um coelho

(Foto: Marko Milivojevic/Pixnio)

Adotar um coelho doméstico pode parecer uma decisão simples — afinal, eles são animais fofos, silenciosos e de aparência dócil. No entanto, cuidar de um coelho vai muito além de oferecer comida e abrigo. Eles precisam de atenção diária, acompanhamento veterinário regular e estímulo físico e mental. São animais que, embora tranquilos, exigem cuidados constantes.

Além de carinho, o tutor deve se preparar para os custos com alimentação de qualidade, castração e consultas periódicas, garantindo uma vida longa e saudável ao novo integrante da família.

Em entrevista à Rede Onda Digital, o médico-veterinário Laércio Chiesorin Neto deu algumas dicas de como lidar com esses bichinhos.

A dieta ideal dos coelhos domésticos

De acordo com o veterinário, a alimentação é o pilar principal da saúde dos coelhos. A dieta deve ser composta, em média, por 60% a 70% de feno de boa qualidade, preferencialmente de capineiras — e nunca de alfafa. O feno é essencial para o bom funcionamento do sistema digestivo e o desgaste natural dos dentes, que crescem continuamente.

Além do feno, 20% a 30% da dieta deve ser composta por ração específica para coelhos, encontrada em pet shops, e cerca de 10% por petiscos, como verduras e legumes com pouca água.

“Esses animais não se dão bem com frutas e alimentos muito úmidos, bem como os alimentos que são industrializados, eles são contraindicados. Então, não devem ser fornecidos chocolate, não devem ser fornecidos biscoitos, bolachas e nem outros itens que possam gerar problemas para eles”, ressalta o especialista.

Comportamento e rotina

Embora sejam vistos como tranquilos, os coelhos são animais muito ativos e curiosos, especialmente durante a noite.

“Quando está bem, ele está sempre alerta, responsivo, ele percebe o ambiente à sua volta, consome bem alimento durante o dia”, diz o veterinário.

No entanto, qualquer mudança de comportamento deve servir de alerta. Sinais como apatia, secreções nasais, auriculares ou orais, além de ausência de fezes ou urina, podem indicar doenças. A urina com coloração forte ou anormal também é motivo de atenção.

Da alimentação ao manejo: o que você precisa saber antes de adotar um coelho
(Foto: Marko Milivojevic/Pixnio)

O ambiente ideal para criar coelhos

A adaptação ao ambiente é outro ponto crucial. Coelhos se adaptam bem a diferentes locais, mas o ideal é oferecer espaços amplos e arejados, com grama ou terra, evitando superfícies como azulejo ou cimento cru, que podem causar feridas nas patas.

“Eles têm que ter uma área onde eles possam tomar sol, bem como é essencial que eles tenham uma toca onde eles possam se esconder para poder dormir, descansar e conseguir diminuir o estresse”, orienta o médico-veterinário.

Apesar de não serem roedores, os coelhos pertencem à ordem dos lagomorfos e têm crescimento contínuo dos dentes. Sem esse cuidado, podem desenvolver ferimentos ou dificuldades para se alimentar.

Os coelhos usam muito a boca para explorar o ambiente, o que faz com que roam móveis, fios elétricos e até tecidos.

É muito comum que eles acabem roendo pernas de mesa, sofás e outras estruturas, inclusive ingerindo de forma inadvertida itens que podem gerar problemas com corpos estranhos em estômago ou intestino. Além disso, eles podem acabar roendo fios de alta tensão ou coisas do gênero, de eletrodomésticos. Então, eles devem ser mantidos sempre em ambientes em que eles não tenham acesso a esse tipo de material, alertou médico-veterinário.

Para reduzir o comportamento destrutivo — como roer móveis —, o especialista recomenda investir em enriquecimento ambiental.

“Oferecer objetos próprios para roer, como galhos naturais e brinquedos de madeira, faz parte do bem-estar deles e evita que causem danos à casa.”


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Manejo e cuidados diários

Manusear um coelho exige cuidado e técnica. Jamais se deve pegar o animal pelas orelhas, pois isso pode causar dor e até lesões.

“É normal que esses animais acabem dando chutes quando eles se sentem desconfortáveis. Então, sempre evitar de levantá-los e, ao conter fisicamente, sempre tomar cuidado para manter sempre o apoio, principalmente dos membros pélvicos, para que esse animal não acabe se machucando e causando um problema mais grave”, orienta o veterinário.

Esses animais são naturalmente assustadiços e sensíveis a ruídos ou presenças desconhecidas. Em ambientes com pessoas novas, podem se esconder debaixo de móveis ou dentro de tocas. É importante respeitar o tempo do animal e permitir que ele se sinta seguro.

Da alimentação ao manejo: o que você precisa saber antes de adotar um coelho
(Foto: Marko Milivojevic/Pixnio)

Saúde e prevenção

Assim que o tutor adquire ou adota um coelho, a primeira medida deve ser uma visita ao médico-veterinário. Durante a consulta inicial, o profissional avalia o estado físico, faz exames e orienta sobre o manejo adequado.

“É nessa avaliação que podemos detectar restrições, parasitas ou condições de saúde que exigem tratamento”, explica Laércio.

Diferentemente de cães e gatos, os coelhos não precisam de vacinas, mas devem ser vermifugados periodicamente, especialmente se tiverem contato com ambientes externos ou outros animais.

“A vermifugação deve ser feita apenas com prescrição e após exames laboratoriais. Automedicar o coelho é extremamente perigoso”, adverte o veterinário.

Além disso, não se deve administrar medicamentos humanos ou de outros animais aos coelhos. O metabolismo deles é sensível e facilmente afetado por substâncias inadequadas. O ideal é que todo tratamento seja prescrito e acompanhado por um profissional.

Castração

A castração é altamente recomendada para coelhos domésticos, tanto machos quanto fêmeas. Segundo o veterinário, o procedimento ajuda a controlar comportamentos agressivos e previne doenças reprodutivas.

“Os machos castrados costumam ficar mais calmos e dóceis. Já nas fêmeas, a castração evita o cio e reduz o risco de câncer uterino”, afirma.

Além dos benefícios comportamentais, a castração também contribui para a convivência entre mais de um coelho no mesmo ambiente, reduzindo disputas territoriais e promovendo uma vida mais tranquila para o grupo.