Ídolos que atravessam gerações: da rádio à internet

(Foto: Montagem/rede Onda Digital)
Cada geração tem seus ídolos, vozes que marcam infância, adolescência e juventude. Nos anos 80 e 90, Renato Russo, Titãs, Paralamas e Engenheiros do Hawaii não apenas entretinham, mas também expressavam inquietações sociais e políticas, traduzindo em letras a realidade da juventude.
O contato com os artistas, na época, era muito mais difícil. Sandro Abecassis, radialista, lembra:
“Na minha época, para você ter contato com um ídolo como Renato Russo, U2 ou Ramones, a gente mandava cartas. Eu mandei uma para os Ramones nos anos 80 e nunca tive resposta. Não existia internet; tudo vinha de revistas, videoclipes e programas de TV. A chegada da MTV ajudou, mas ainda era limitado.”
Para Sandro, o rádio foi a vitrine essencial dos artistas:
“O rádio divulgava músicas, contava novidades. As pessoas ouviam para gravar trechos, acompanhar artistas e até jogos de futebol, e isso ajudava a conhecer melhor os ídolos. Até hoje, cantores e músicos ainda recorrem às rádios para divulgação, mas agora é mais digital, via e-mail ou plataformas online.”
Sobre a influência atual, ele destaca:
“Hoje, redes sociais e streaming dão visibilidade rápida, mas é passageira. Antes, álbuns contavam histórias completas e duravam gerações, como ‘The Dark Side Of The Moon’ do Pink Floyd e ‘Sgt. Pepper’s’ dos Beatles. Hoje, as pessoas buscam algo rápido, momentâneo. Raramente têm interesse em influência duradoura como antigamente.”
Mesmo assim, alguns artistas conseguem atravessar gerações. Sandro cita:
“Paul McCartney colaborou com Michael Jackson, Stevie Wonder, Lady Gaga, Rihanna, Beck e com integrantes remanescentes do Nirvana. Titãs também lançam discos com artistas contemporâneos, mostrando como ídolos antigos podem se reinventar e continuar influentes.”
Muitos ídolos que já se foram permanecem vivos na memória e no coração das pessoas. Artistas como Michael Jackson, Prince e Amy Winehouse, mesmo após a morte, continuam inspirando fãs de todas as idades, com músicas que atravessam gerações e influenciam comportamentos, moda e cultura pop.
A música continua a conectar as novas gerações. Luan Herman, jornalista de 26 anos, conta sua experiência:
“Toda vez que tocava na rádio eu ficava empolgado, eu ficava doido, né? Com o tempo me afastei um pouco, mas há uns 10 anos conheci Lady Gaga, que é minha artista favorita até hoje. Acompanhei desde a época da escola, assistindo à MTV e programas da época, e continuo acompanhando. Entre 2019 e 2020, comecei a revisitar músicas dos anos 2000 e redescobri Rouge quando anunciaram o retorno, foi uma nostalgia incrível. Até a Xuxa voltou com novos projetos, DVD e CD, reforçando esse resgate afetivo da música da infância e adolescência.”
Sobre o impacto de retornos de artistas, Luan comenta:
“Quando um artista decide fazer um retorno, entregando algo novo aos fãs, o impacto é muito significativo. Por exemplo, o retorno da banda Rebelde foi marcante para quem viveu aquela época, pois influenciou tanto a juventude quanto a vida adulta. Eu não era fã na época e não pude acompanhar, mas a força desse retorno despertou meu interesse pelas músicas. É impressionante e relevante como um artista pode retornar e continuar a impactar diferentes gerações.”
E não é só na música, os ídolos moldam comportamentos, estilos e até escolhas de moda. O retorno de bandas e artistas antigos provoca um efeito nostálgico que vai além da música, inspirando roupas, penteados e formas de se relacionar com a cultura pop.
Do rádio às redes sociais, dos álbuns clássicos às colaborações atuais, dos ídolos que morreram mas permanecem eternos às novas revelações, a música continua a emocionar, conectar e inspirar gerações. Apesar das mudanças tecnológicas e culturais, a admiração e a paixão permanecem intactas, provando que a influência de um grande artista é, de fato, atemporal.
