O conflito na Ucrânia deflagrado desde a semana passada com a invasão das forças russas sobre o país já está tendo efeito sobre a economia global, e com o Brasil não será diferente. O aumento no preço das commodities como petróleo e produtos agrícolas já é observado em todo o mundo. Se no começo do ano especialistas previam queda no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o medidor de inflação para o país) por causa da desvalorização do dólar, agora a tendência é de recalcular o índice para cima por causa da guerra e sua influência.
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As novas estimativas para o IPCA ainda são preliminares, pois dependem da duração da guerra e seus estragos no preço das commodities. Por exemplo, o petróleo tipo Brent, negociado em Londres, encerrou o dia com alta de 7,58%, cotado a US$ 112,92 o barril. Em 12 meses, teve um salto superior a 80%. Os preços do trigo, do milho e da soja também dispararam. De acordo com especialistas, a cada 10% de alta no preço do milho, por exemplo, há 2% de aumento do custo dos produtores de carne animal.
Por enquanto, as previsões do mercado (otimistas) eram para um IPCA calculado em 5,6% para 2022. No entanto, economistas e especialistas já projetam um índice acima dos 6%. Vale lembrar que o índice ano passado superou todas as expectativas com uma inflação total para o país de 10,06%, quase o dobro do limite superior da meta anterior, de 5,25%.
Segundo o economista André Braz, coordenador do núcleo de preços ao consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), “não haverá trégua na inflação este ano”. Ele explicou: “É difícil estimar o impacto dessa guerra, porque o efeito é muito disseminado. Começa no preço do petróleo, passa para o combustível nas bombas, vai para toda a cadeia de derivados, como resinas plásticas, que afetam grande parte da indústria. Depois, temos que considerar os grãos: milho, soja e trigo dispararam e isso afeta a cadeia de alimentos em uma proporção que os analistas do mercado não haviam considerado”.
Via Correio Braziliense.