O dólar teve forte alta nesta sexta-feira (4/4) e fechou cotado a R$ 5,83, em meio à crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos. O avanço da moeda americana frente ao real foi de 3,68%, a maior valorização diária desde abril de 2022, quando subiu 4,04%. Durante o dia, chegou a ser negociado a R$ 5,84.
O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, acompanhou o movimento negativo dos mercados internacionais e caiu 2,96%, encerrando o pregão aos 127.256 pontos — a maior queda diária desde 18 de dezembro de 2024.
A escalada de instabilidade nos mercados foi desencadeada pela decisão da China de retaliar o pacote de tarifas imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na última quarta-feira (2/4). A segunda maior economia do mundo anunciou que aplicará tarifas de 34% sobre produtos norte-americanos e limitará exportações de terras raras — minerais estratégicos para a produção de tecnologia de ponta.
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As medidas foram uma resposta direta ao aumento das taxas cobradas pelos EUA sobre produtos chineses, que agora somam até 54% quando se considera o adicional de 20% anunciado anteriormente. O temor dos investidores é que esse confronto evolua para uma guerra comercial de escala global, envolvendo outras potências econômicas.
Impactos no mercado e inflação global
A elevação das tarifas pode encarecer insumos e produtos nos Estados Unidos, pressionando os custos de produção e gerando alta nos preços ao consumidor. Esse cenário alimenta preocupações com a inflação e o risco de recessão na maior economia do mundo, levando investidores a buscar proteção em ativos mais seguros, como o dólar.
Na quinta-feira (3), a moeda norte-americana havia fechado em queda, cotada a R$ 5,62 — seu menor valor no ano. No entanto, a nova rodada de tensões comerciais reverteu o otimismo e provocou forte valorização da divisa.
Desempenho da moeda e do índice
Com o fechamento desta sexta, o dólar acumula:
- alta de 1,32% na semana;
- ganho de 2,27% em abril;
- perda de 5,57% no acumulado de 2025.
Já o Ibovespa, que chegou à mínima de 126.466 pontos no dia, registra:
- recuo de 3,52% na semana;
- queda de 2,31% no mês;
- valorização de 5,80% no ano.
As perspectivas para os próximos dias permanecem incertas, com os mercados atentos a novos desdobramentos na disputa entre China e Estados Unidos, que pode impactar diretamente o comércio global, o crescimento econômico e os investimentos internacionais