Bitcoin bate recorde e especialistas veem espaço para mais alta: “Ciclo ainda está no início”

(Foto gerada por IA)
Nas últimas semanas, o mercado de criptomoedas voltou aos holofotes com força total. O Bitcoin (BTC) ultrapassou a marca dos US$ 123 mil (R$ 684 mil) em 14 de julho, atingindo uma nova máxima histórica. O rali tem sido impulsionado por uma combinação única de fatores macroeconômicos, avanços regulatórios e entrada maciça de capital institucional, especialmente via ETFs nos Estados Unidos.
O que está por trás da valorização
De acordo com analistas, o cenário atual é sustentado por três pilares centrais:
Cortes de juros nos EUA: A expectativa de flexibilização monetária por parte do Federal Reserve, diante de sinais de desaceleração no mercado de trabalho americano, diminui o custo de oportunidade para ativos de risco como o Bitcoin.
Capital institucional: Desde a liberação dos ETFs spot de BTC no início do ano, o setor recebeu mais de US$ 70 bilhões (R$ 389 bilhões) em ativos sob gestão. O fundo IBIT, da BlackRock, por exemplo, atraiu quase US$ 800 milhões em um único dia.
Clareza regulatória: Durante a “Crypto Week” nos EUA, o Congresso aprovou leis como FIT21, Clarity Act e Genius Act, que trouxeram segurança jurídica para investidores e abriram caminho para o uso mais amplo das criptos — inclusive em previdência.
Além disso, o halving de abril de 2024, que reduziu pela metade a emissão de novos bitcoins, aumentou a escassez da moeda digital. Especialistas estimam que a demanda por BTC em 2025 já é 3,6 vezes maior que a oferta líquida — um desequilíbrio estrutural que tende a continuar pressionando os preços para cima.
Altcoins e stablecoins também avançam
O bom momento não se restringe apenas ao Bitcoin. Criptos como Ethereum (ETH) e Solana (SOL) também têm atraído investidores. O ETH, em especial, é hoje a principal base de infraestrutura para finanças descentralizadas (DeFi), com mais de 55% do valor travado no setor.
As stablecoins, por sua vez, ganham protagonismo como instrumentos de liquidez e meio de pagamento em economias emergentes. A emissão já supera US$ 130 bilhões (R$ 723 bilhões) globalmente. Bancos como JPMorgan e Bank of America já reconhecem seu potencial para transformar o sistema de pagamentos e tokenização de ativos.
Pode subir mais?
A maioria dos especialistas acredita que sim. O CIO da Uniera, Caio Villa, afirma que o ciclo de alta está apenas começando. “O auge dos ciclos anteriores sempre ocorreu entre 10 e 14 meses após o halving, e estamos exatamente dentro desse intervalo”, explica.
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Indicadores técnicos, como o MVRV Z-score e o Puell Multiple, ainda apontam para um mercado aquecido, porém longe de níveis extremos. O múltiplo de Mayer, que compara o preço atual com a média dos últimos 200 dias, está em 1,21, abaixo da média histórica de 1,3 — o que sugere espaço para valorização.
O CEO da Underblock, Vinícius Bazan, projeta o BTC entre US$ 140 mil e US$ 150 mil (R$ 779 a 834 mil) ainda em 2025, mesmo considerando possíveis correções pontuais nas próximas semanas.
Sinais de alerta
Apesar do otimismo generalizado, alguns analistas alertam para os riscos de uma eventual euforia exagerada. O índice de Medo e Ganância, que mede o sentimento do mercado, passou dos 70 pontos — o que pode indicar comportamento especulativo.
“Caso os cortes de juros nos EUA não se concretizem ou ocorram eventos geopolíticos negativos, o movimento pode ser interrompido”, diz Arthur Severo, da Manchester Investimentos. Para Henrique Lara, da Reach Capital, é importante monitorar o volume de negociação e o comportamento das altcoins como sinais de possível exaustão do ciclo.
Integração com o sistema financeiro
Empresas como a Strategy, de Michael Saylor, e a japonesa Metaplanet reforçam a adoção institucional ao acumularem grandes reservas em Bitcoin. Com o avanço regulatório nos EUA, o mercado começa a vislumbrar uma integração real das criptos à estrutura do sistema financeiro global.
“O Genius Act pode adicionar trilhões de dólares ao ecossistema cripto”, afirma Caio Villa, destacando o potencial transformador da nova legislação americana.
Bitcoin: US$ 123 mil (R$ 684 mil)
Demanda: 3,6x maior que oferta
ETFs: US$ 70 bilhões sob gestão
Stablecoins: US$ 130 bilhões em circulação
Projeção: até US$ 150 mil em 2025
