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IA e política: especialistas explicam como identificar vídeos falsos nas eleições de 2026

A Rede Onda Digital conversou com um especialista em Inteligência Artificial (IA) para ajudar o eleitor a diferenciar o que é real do que é falso e evitar ser enganado por conteúdos criados com deepfakes.
02/11/25 às 08:00h
IA e política: especialistas explicam como identificar vídeos falsos nas eleições de 2026

(Foto: Reprodução/Seu dinheiro)

Você sabe diferenciar o que é real do que é produzido por inteligência artificial? A Rede Onda Digital fez uma entrevista exclusiva com Aldo Evangelista, advogado especialista em Direito Digital na Amazônia, sobre o uso da Inteligência Artificial nas eleições de 2026. Também ouvimos o cientista político Carlos Santiago, que comentou sobre o uso indevido da tecnologia por parlamentares e candidatos.

Hoje em dia, é comum vermos vídeos produzidos com IA nas plataformas digitais. Muitos são tão realistas que confundem o público. No entanto, há quem utilize essa tecnologia para espalhar fake news durante, ou antes das eleições.

Um exemplo marcante ocorreu em dezembro de 2023, envolvendo o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). Circulou um áudio atribuído a ele no qual supostamente insultava professores da rede municipal após uma manifestação dos docentes.

Na ocasião, a Polícia Federal identificou dois suspeitos e informou que o uso de IA para criação e divulgação de fake news em campanhas ou pré-campanhas configura, preliminarmente, crime de difamação eleitoral, passível de detenção.

O que diz o especialista

Em conversa com a Rede Onda Digital, Aldo Evangelista explicou que existem técnicas para identificar conteúdos criados por Inteligência Artificial. Segundo ele, na maioria das vezes, é possível notar que um vídeo foi manipulado pela forma como a boca se movimenta, sem acompanhar corretamente a fala.

“Com o avanço da inteligência artificial generativa, está ficando cada vez mais difícil para o cidadão diferenciar o que é um conteúdo sintético — criado por IA — do que é real. Mas ainda há características perceptíveis, como falhas em imagens (ausência de dedos, proporções estranhas, aparência de caricatura ou textura artificial). Em áudios, é comum notar imperfeições na voz e erros de entonação ou pronúncia”, destacou.

 


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Leia a entrevista na íntegra:

Onda Digital: Hoje em dia é cada vez mais difícil diferenciar o que é IA e o que é real. Que dica você pode dar para as pessoas identificarem o que é falso e o que é verdadeiro?

Aldo Evangelista: “Hoje, com o avanço da IA generativa, está ficando mais difícil para o cidadão saber diferenciar o que é conteúdo sintético do que é real, mas ainda há algumas características que podem ser identificadas como falta de um dedo, ou às vezes, a imagem não está muito perfeita e como se fosse uma caricatura. Ou se for algo parecendo um desenho, você vê que aquela imagem foi criada artificialmente, ela não é uma fotografia real. Áudios não tão perfeitos, alguns erros de palavras, e quando há também o uso de imagens, que, muito ocorre isso no meio político, utiliza a imagem da pessoa com áudio criado por inteligência artificial, geralmente para denegrir a imagem do candidato. Essas são algumas dicas, mas você tem que observar com calma”.

Onda Digital: Em 2026 teremos eleições, e a tendência é o aumento das fake news. O que deve ser feito, na sua visão, para combater a desinformação?

Aldo Evangelista: “O que ocorre é que as pessoas, sendo da criança ao idoso, necessitam da educação digital, no geral, para uso dessas tecnologias digitais, em especial, a inteligência artificial, e boa parte da população não tem esse conhecimento para analisar com calma algum conteúdo e saber diferenciar se aquele conteúdo é uma desinformação, fake news, verdadeira ou se é uma deepfake”.

Onda Digital: Como a inteligência artificial pode ser utilizada na propaganda eleitoral?

Aldo Evangelista: “O candidato pode usar a inteligência artificial para criar uma imagem ou alguma propaganda para ele, que seja benéfica para falar das suas propostas. O que não pode é criar deepfakes ou nem criar propaganda negativa contra outros candidatos com IA. Se o candidato fizer isso, ele responderá na Justiça eleitoral e os envolvidos responderão solidariamente, podendo ser o seu registro de candidatura cassado. E caso ele venha ser eleito, ter o seu mandato cassado também, se comprovadamente se ele utilizou desses artifícios maléficos com a inteligência artificial”.

A opinião do cientista político

Conversamos também com o advogado e cientista político Carlos Santiago, presidente do Comitê Amazonas de Combate à Corrupção. Ele destacou as ações que estão sendo adotadas para enfrentar a desinformação política nas eleições de 2026.

“Em 2024, o Comitê Amazonas de Combate à Corrupção promoveu um curso para comunicadores e assessores legislativos sobre o uso responsável da IA. Também atuamos na fiscalização e recebemos denúncias de uso indevido da tecnologia para cometer crimes. Em 2026, o comitê continuará denunciando e fiscalizando casos de uso ilegal da IA, sempre buscando preservar as regras eleitorais e o respeito ao sistema democrático”, afirmou Santiago.

O especialista também comentou sobre o que será feito para aquelas pessoas que não seguirem as regras e espalharem notícias falsas, antes ou durante as eleições gerais.

“Quem produz, quem contrata, quem compartilha fake news e truncagem realizada por inteligência artificial será punido com multas e até com medidas penais, podendo inclusive ser preso”, completou.

Fake News no cenário nacional

No cenário nacional, também há exemplos de uso da IA na política. Em julho de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) publicou um vídeo com deepfake simulando uma conversa entre “Donald Trump” e “Eduardo Bolsonaro” sobre taxar o Pix. Os materiais faziam parte de uma nova estratégia de comunicação do partido nas redes sociais, ligada à campanha de defesa da taxação dos super-ricos.