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Para Rodrigo Guedes, rejeição não impede reeleição de vereadores em Manaus

Parlamentar também comentou pesquisa que apontou distanciamento da população com o Legislativo
26/10/25 às 08:00h
Para Rodrigo Guedes, rejeição não impede reeleição de vereadores em Manaus

(Foto: Onda Digital)

Em entrevista exclusiva à Rede Onda Digital, o vereador da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Rodrigo Guedes (Progressistas), comentou o resultado de uma pesquisa recente do Instituto Perspectiva sobre a percepção da população a respeito da atuação da Casa Legislativa. O parlamentar também analisou, em sua visão, o que ainda falta ao Parlamento para atender aos anseios dos manauaras.

Segundo ele, os dados refletem um distanciamento entre o Parlamento e os interesses dos cidadãos manauaras.

“Eu acho que a Câmara tem deixado muito a desejar no que diz respeito a representar os interesses e os anseios da população de Manaus. Isso reflete na avaliação de que o Parlamento, a Câmara Municipal, os vereadores não representam o que o povo pensa e espera”, afirmou o parlamentar.

Guedes também destacou que, apesar do alto índice de rejeição, muitos vereadores acabam se reelegendo devido ao peso das estruturas políticas e financeiras envolvidas nas campanhas. “Um lado ruim de tudo isso é que, mesmo com essa rejeição, as estruturas que os vereadores têm e as estratégias de campanha são tão agressivas — no sentido financeiro mesmo — que, ainda assim, muitos se reelegem”, completou.

O parlamentar foi questionado sobre uma recente “discussão”, com o colega de parlamento Raulzinho (MDB), em razão de obras que deveriam ser realizadas no Parque Cidade da Criança, localizado na zona Centro-Sul da capital.

Ele declarou que não precisa entrar em acordo com o colega de parlamento nem com o subsecretário de Infraestrutura e Logística da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Radyr Junior, que também estava presente no momento da fiscalização.

“Eu não preciso chegar a entendimento com eles. Eu preciso que eles façam a obra. Eu ali cumpri à risca o meu papel de fiscalizar. Sem falsa modéstia, com aquela ação, aquela fiscalização, a gente fez toda a cidade de Manaus, praticamente, saber que o Parque Cidade da Criança estava — e ainda está — abandonado. A gente forçou eles a dar uma resposta, a fazer alguma coisa. Se não tivesse feito aquela denúncia, provavelmente continuaria do mesmo jeito”, destacou o vereador.

 


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Leia a entrevista:

Onda Digital: Vereador, você já está sabendo da pesquisa sobre a CMM, que mostra a insatisfação da população com o Parlamento atual. Diante disso, você acredita que essa percepção da pesquisa reflete a realidade de uma desconexão entre a Casa Legislativa e a população?

Rodrigo Guedes: “Eu acho que a Câmara tem deixado muito a desejar no que diz respeito a representar os interesses e os anseios da população de Manaus. Isso reflete na avaliação de que o Parlamento, a Câmara Municipal, os vereadores não representam o que o povo pensa e espera. Um lado ruim de tudo isso é que, mesmo com essa rejeição, as estruturas que os vereadores têm e as estratégias de campanha são tão agressivas — no sentido financeiro mesmo — que, ainda assim, muitos se reelegem. Quase 90% dos manauaras, segundo a pesquisa, disseram que nunca tiveram contato com um vereador”.

Onda Digital: Como o senhor avalia esse distanciamento e o que poderia ser feito para aproximar o eleitor do Parlamento?

Rodrigo Guedes: “Eu li a pesquisa e vi algo que me chamou muita atenção. Salvo engano, 70% responderam que, na percepção deles, as decisões da Câmara não influenciam suas vidas. Ou seja, muita gente não consegue visualizar essa influência nem compreender qual é o papel do Parlamento. Quando temos problemas na cidade, não é só culpa da Prefeitura ou do Governo. É do Parlamento também, porque um foi eleito para executar e o outro para fiscalizar. Quando temos uma cidade ou um Estado ruim, a culpa é do Executivo e do Legislativo. Ainda há muita desinformação sobre o papel do vereador, até porque 65% dessa mesma pesquisa disseram que procurariam um vereador para resolver uma questão pessoal”.

Onda Digital: A pesquisa também aponta uma desconfiança quanto à independência da Câmara em relação ao Executivo. Qual a sua opinião sobre isso?

Rodrigo Guedes: “A Câmara não é independente. A Câmara sempre foi e continua sendo — às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos — um puxadinho do Executivo. Estar ao lado do poder é muito bom. Não é qualquer um que tem coragem de abrir mão de tudo que o poder oferece. Ser da base do prefeito dá acesso a tudo, a coisas legais e ilegais também. Você pode indicar pessoas, diretores de UBS, de escolas, de distritos de obras, parentes. Eu não quero isso, nunca quis, por isso não faço parte da base. Infelizmente, o poder é tão grande que muitos preferem estar ao lado dele por causa dessas benesses”.

Onda Digital: O senhor, o vereador Raulzinho e o subsecretário da Semed estiveram na Cidade da Criança para tratar das fiscalizações e das obras inacabadas, e houve um momento acalorado entre vocês. No seu entendimento, o que faltou para chegar a um entendimento?

Rodrigo Guedes: “Eu não preciso chegar a entendimento com eles. Eu preciso que eles façam a obra. Eu ali cumpri à risca o meu papel de fiscalizar. Sem falsa modéstia, com aquela ação, aquela fiscalização, a gente fez toda a cidade de Manaus, praticamente, saber que o Parque Cidade da Criança estava — e ainda está — abandonado. A gente forçou eles a dar uma resposta, a fazer alguma coisa. Se não tivesse feito aquela denúncia, provavelmente continuaria do mesmo jeito. Então, a resposta que eles precisam dar é fazer a obra. A gente está forçando eles a reformar o parque. Eu representei duas vezes o caso ao Ministério Público, eles vão reformar por bem ou por mal. Quando inaugurarem, obviamente não vão dizer que foi por causa da denúncia do Rodrigo Guedes, mas foi por causa dela que conseguimos chamar atenção para o problema. Quando o parlamentar chama atenção e a população passa a cobrar, a gente força o Executivo a fazer algo que não faria, ou provavelmente não faria, se nós não denunciássemos.

Eu fui no sábado e não tinham aquelas plaquinhas. Na segunda-feira, eles pegaram folhas A4, digitaram alguma coisa, colaram com durex e colocaram ali placas dizendo que estavam em obras. Então, começaram a tentar fazer uma maquiagem. Eles mentiram. Raulzinho mentiu, Radyr mentiu, a Prefeitura mentiu. Não havia obra alguma. Só começaram a agir depois da repercussão, e ainda assim apenas com pintura”.

Onda Digital: Em quais áreas o senhor acredita que a gestão municipal mais falha hoje?

Rodrigo Guedes: “Acho que Manaus tem regredido muito. Manaus não está melhorando. E aqui quem fala não é o vereador Rodrigo Guedes, é o cidadão Rodrigo Guedes. A nossa mobilidade é extremamente ruim. O trânsito é caótico, o transporte coletivo é precário, e as pessoas estão fugindo dele, migrando para motos ou para aplicativos como a Uber, o que tem gerado um caos na cidade. Estamos perdendo qualidade de vida, porque a cidade está cada vez mais caótica. Em termos de infraestrutura, há muitos buracos. Manaus sem capacidade de enfrentar uma chuva forte, sem alagar, sem ficar debaixo d’água. Isso é resultado de uma rede de infraestrutura muito ruim, e tem prejudicado muito a população. A gestão do prefeito David Almeida é muito falha em várias áreas”.

Onda Digital: Quais são seus planos para o próximo ano eleitoral? O senhor ainda tem vontade de participar do pleito?

Rodrigo Guedes: “Na política, como em qualquer outra área da vida, é natural ter pretensões de alcançar passos maiores. Acho que a única pessoa na política que não tem mais para onde crescer é o presidente da República, porque já está no topo máximo. Todo vereador pensa em ser prefeito ou deputado. E o político que disser que não pensa nisso está mentindo. O que não se pode fazer é trabalhar apenas na época da eleição. Então, sim, tenho planos. Até porque, se conseguimos fazer algo como vereador, podemos fazer muito mais como deputado estadual ou federal. Está dentro do meu raio de possibilidades — principalmente deputado estadual, porque está na hora de a Assembleia começar a fiscalizar o governo do Estado do Amazonas, o que hoje não acontece”.

Assista ao vídeo: