A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu na última quinta-feira (12/6), um alerta de segurança sanitária sobre o uso da semaglutida, substância presente em medicamentos amplamente prescritos para tratamento de diabetes tipo 2 e controle de peso, como o Ozempic, Rybelsus e Wegovy.
O órgão determinou que a bula desses medicamentos seja atualizada para incluir uma nova advertência sobre o risco muito raro de perda súbita de visão, condição conhecida como neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIANA).
Segundo a Anvisa, caso o paciente apresente sintomas como perda repentina de visão, visão turva ou piora rápida da acuidade visual durante o tratamento com semaglutida, deve procurar orientação médica imediatamente. Se houver diagnóstico de NOIANA, o tratamento com o medicamento deverá ser interrompido.

A decisão do órgão brasileiro se baseia em uma avaliação conduzida pelo Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA). O comitê europeu incluiu a NOIANA como possível reação adversa do uso da substância após observar relatos e indícios científicos que apontam a associação, mesmo que rara, entre o medicamento e problemas graves de visão.
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No Brasil, o sistema VigiMed, que recebe notificações de efeitos adversos, já registrou 52 casos suspeitos de distúrbios oculares associados à semaglutida, o que reforça a importância do monitoramento constante por parte dos profissionais de saúde e pacientes.

Um estudo publicado em janeiro deste ano por pesquisadores da Universidade de Utah e outros centros médicos norte-americanos na revista JAMA Ophthalmology também havia levantado o alerta sobre a questão. Os pesquisadores relataram nove casos de perda parcial de visão em pacientes que utilizaram semaglutida e tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, outro medicamento usado para o controle do diabetes tipo 2 e da obesidade.
Apesar de não ter sido confirmada uma ligação causal direta entre o uso da substância e a perda de visão, os pesquisadores destacaram uma forte coincidência temporal entre o início do tratamento com os medicamentos e o surgimento dos sintomas visuais.
Fabricante de Ozempic se pronuncia
A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, respondeu às preocupações em nota à imprensa divulgada em janeiro. A farmacêutica reconheceu que a NOIANA é uma condição extremamente rara e que seus estudos internos identificaram um aumento relativo do risco, mas ressaltou que o risco absoluto permanece muito baixo.
“Embora estudos realizados pela empresa tenham mostrado um aumento aproximado do risco relativo, o risco absoluto e o número absoluto de pessoas afetadas são muito baixos. Isso está de acordo com a incidência anual muito baixa desse distúrbio raro. Um dos estudos encontrou que duas pessoas a cada 10 mil pacientes tratados com semaglutida por ano desenvolveram naiona, em comparação com 1 a cada 10 mil no grupo de controle, concluindo que o risco absoluto é muito baixo”, afirmou a farmacêutica.
*Com informações de Metrópoles.