Dia de São Cosme e Damião: fé, tradição e doces unem religiões no Brasil

(Foto: Reprodução/Via Crucis)
O Dia de São Cosme e Damião é celebrado em duas datas especiais: 26 e 27 de setembro. Para os católicos, a homenagem acontece no dia 26, enquanto no dia 27 a festa é marcada pelas religiões de matriz africana, que mantêm a tradição de distribuir doces às crianças, espalhando alegria e solidariedade.
História dos santos gêmeos
Canonizados em 630 d.C. pelo Papa Félix IV, os irmãos nasceram na Ásia Menor (atual Síria) e se destacaram por fazer o bem às comunidades, cuidando de enfermidades e sendo considerados realizadores de milagres. Durante o Império Romano, foram chamados para curar o filho de um imperador. No entanto, ao recusarem a conversão à religião oficial do Império, foram perseguidos e executados por ordem do imperador Dioclesiano, por volta do ano 303 d.C. Após o martírio, foram canonizados e passaram a ser venerados como símbolos de coragem e fé.

Irmãos gêmeos e médicos, eles se tornaram conhecidos por sua dedicação ao cuidado dos enfermos, atuando sem cobrar pelos serviços, por isso receberam o título de “anárgiros”, palavra grega que significa sem prata.
Além de tratar do corpo, os santos também cuidavam da alma, levando a mensagem cristã e convertendo pagãos pela palavra e pelo exemplo. Por esses motivos, são reconhecidos como padroeiros dos médicos, cirurgiões e das crianças.
Essa devoção atravessou séculos e chegou ao Brasil com os portugueses, sendo incorporada também pelos escravos africanos, que, impedidos de cultuar os orixás, sincretizaram os santos aos gêmeos Ibejis do candomblé, considerados filhos de Iansã. Para as religiões de matriz africana, Cosme e Damião captam energias positivas e as distribuem para os lares e terreiros, principalmente em benefício das crianças. Acredita-se que, ao tratar os pequenos, os santos usavam doces para conquistar a confiança dos pacientes.

O significado no nome dos gêmeos reforça a tradição festiva: Cosme significa “enfeitado” e Damião, “popular”, justificando as celebrações que reúnem famílias, igrejas e terreiros em um gesto de fé.
Tradição no Amazonas e no Brasil
No Amazonas, a data é lembrada tanto nas igrejas quanto nas comunidades que preservam rituais afro-brasileiros. Em várias regiões do país, especialmente no Nordeste, é comum a preparação do caruru de São Cosme e Damião, prato típico da Bahia que leva quiabo, camarão seco, azeite de dendê e outros ingredientes.

Doces que adoçam tradição
No Dia de São Cosme e Damião, a distribuição de doces é uma das práticas mais esperadas, principalmente pelas crianças. Paçoca, pé de moleque, maria-mole, cocada, pirulito, bala, bombom e doce de leite estão entre os mais comuns, além de guloseimas como pipoca caramelizada, suspiros, bolinhos decorados e até frutas.
Essa tradição dos doces simboliza a pureza e a alegria das crianças. Historicamente, acredita-se que Cosme e Damião, conhecidos por atender crianças enfermas, ofereciam doces para ganhar a confiança dos pequenos – prática que atravessou séculos e se fortaleceu no Brasil.
-
Doces de Amendoim: paçoca e pé de moleque são clássicos indispensáveis.

-
Doces Cremosos: maria-mole, doce de leite e cocadas, especialmente a cremosa, fazem sucesso.

-
Guloseimas Industrializadas: balas, pirulitos e bombons completam os saquinhos.

-
Bolinhos e Caseiros: pipoca caramelizada, suspiros e brownies aparecem em festas mais elaboradas.

Geralmente, os doces são organizados em saquinhos coloridos, distribuídos nas ruas ou em festas comunitárias, especialmente no Rio de Janeiro e em cidades do Norte e Nordeste, como forma de pagamento de promessas e demonstração de fé, tornando a celebração um momento de doçura, alegria e partilha.
