A Polícia Civil de São Paulo solicitou ao Instituto Médico Legal (IML) a reconstituição do crime que vitimou Vitória Regina Souza, de 17 anos. A medida visa esclarecer todas as circunstâncias do caso, que teve novas reviravoltas desde que a investigação foi declarada praticamente encerrada. A jovem desapareceu no final de fevereiro e foi encontrada morta no início de março.
A decisão de refazer a dinâmica do crime foi tomada pelo delegado de Cajamar, cidade onde ocorreu o assassinato, após inicialmente afirmar que o caso estava esclarecido. Agora, os investigadores consideram necessário recompor os acontecimentos para tirar algumas dúvidas.
Defesa do suspeito questiona confissão
A mudança de postura da Polícia Civil ocorreu após a defesa de Maicol Santos, principal suspeito do crime, contestar a legalidade da confissão de seu cliente. Os advogados alegam que ele foi coagido pelas autoridades a admitir o homicídio. No entanto, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não confirmou relação entre esse questionamento e a reabertura da análise do caso.
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A SSP informou que Maicol segue preso temporariamente e que sua confissão foi feita de maneira legal, respeitando as normas do Código de Processo Penal. A defesa do suspeito também criticou a decisão da Polícia Civil de Cajamar de solicitar uma perícia psiquiátrica no preso, alegando que a medida foi tomada sem ordem judicial e que sua realização seria arbitrária.
Contradições na investigação
O caso de Vitória Souza ainda apresenta divergências entre a versão do suspeito e as evidências periciais. Em sua confissão, Maicol afirmou que matou a jovem após uma discussão, pois ela teria ameaçado contar à esposa sobre um relacionamento que tiveram no passado.
Segundo ele, a adolescente o agrediu dentro do carro, o que o levou a revidar com golpes de faca no pescoço. No entanto, a perícia identificou três facadas, enquanto o suspeito admitiu apenas dois golpes. Além disso, embora Maicol tenha declarado que enterrou o corpo, a vítima foi encontrada numa cova rasa e sem estar coberta por terra.
Outro ponto investigado é a ausência de sinais de violência no veículo de Maicol, que foi apreendido. No carro, a perícia encontrou uma mancha suspeita e um fio de cabelo, que passarão por exames para determinar se pertencem à vítima.
Dúvidas sobre a confissão
A defesa do suspeito também questiona a validade da confissão feita por Maicol, pois ele não estava acompanhado de seus advogados no momento do depoimento. No entanto, a Polícia Civil rebate a acusação, afirmando que a presença de advogados não é obrigatória quando um suspeito decide confessar voluntariamente. Para garantir a legalidade do interrogatório, a delegacia solicitou o acompanhamento de uma advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Cajamar.
O caso ainda levanta suspeitas sobre uma possível participação de outros envolvidos no crime. A vítima, pouco antes de desaparecer, enviou mensagens a uma amiga relatando que estava sendo observada por dois homens em um ponto de ônibus e que, em seguida, um carro passou a segui-la.
Manifestação por justiça
Neste domingo (23/3), familiares e amigos de Vitória Souza realizaram um ato em Cajamar, pedindo justiça pela morte da jovem. Enquanto isso, a polícia mantém a versão de que o caso está esclarecido, com Maicol Santos como único responsável pelo crime e a motivação identificada. Segundo a investigação, o suspeito monitorava a vítima obsessivamente, caracterizando um comportamento de stalker.
A reconstituição do crime será fundamental para esclarecer os pontos contraditórios e consolidar as conclusões do inquérito policial.