Por Bryan Dolzane
Uma das críticas mais frequentes dos brasileiros ao país é a impunidade. Acostumamo-nos a ver a polícia prender o mesmo criminoso repetidas vezes, sem que ele jamais seja responsabilizado. Acostumamo-nos a ver crimes de colarinho branco impunes, graças aos inúmeros recursos que o generoso sistema jurídico brasileiro permite.
Diante desse cenário de impunidade, é no mínimo paradoxal que uma mulher de 39 anos, que pintou uma estátua com batom, tenha sido condenada a 14 anos de prisão. Porque, na prática, é disso que se trata. O que cada um pensa sobre o 8 de janeiro é uma coisa; o que Débora Rodrigues dos Santos fez, especificamente, foi pintar uma frase numa estátua.
Além dos argumentos científicos de Augusto Cury, autoridade em sua área, uma das motivações do seu vídeo foi certamente não conseguir entender a inversão de valores da justiça brasileira, sobretudo quando afirmou:
“É incompreensível que uma pessoa que tem porte ilegal de armas receba até 5 anos de prisão, e uma pessoa que empunha um batom possa receber 14 anos de prisão!”.
O Brasil é o país onde um psiquiatra renomado precisa gritar o óbvio — na esperança de que, ao menos alguns, reflitam sobre o absurdo.