O nascimento do pequeno Bernardo, ocorrido no dia 4 de maio, em Brasília, viralizou nas redes sociais e chamou a atenção da equipe médica e dos internautas por um motivo inusitado: o bebê veio ao mundo com o dispositivo intrauterino (DIU) da mãe colado à pele, especificamente na região do bumbum.
A imagem, registrada ainda na sala de cirurgia e publicada no Instagram pela ginecologista e obstetra Rafaela Frota, rapidamente repercutiu e gerou enorme curiosidade.
“Esse é o pequeno Bernardo, nasceu hoje por uma cesariana de emergência, chegou chegando e estreou nesse mundão com o DIU da mamãe coladinho no bumbum”, escreveu a médica na publicação que rapidamente se espalhou pelas redes sociais.
Veja a foto:

Segundo explicou a obstetra, o DIU não perfurou a pele do bebê, mas se aderiu à camada de vernix caseosa, uma substância branca e gordurosa que recobre o corpo dos recém-nascidos no útero e atua como proteção.
“O DIU é um método muito seguro, mas como qualquer outro, também possui taxa de falha, mesmo que baixa”, afirmou Rafaela Frota.
Mãe descobriu gravidez com DIU aos três meses de gestação
Amanda Gomes, de 31 anos, mãe de Bernardo, conta que utilizava o DIU hormonal Kyleena desde 2021, após ter usado o modelo de cobre por cinco anos. Durante todo o período, sempre realizou acompanhamento médico com exames preventivos e ultrassonografias de rotina.
Por não menstruar com o DIU hormonal, Amanda não suspeitava de uma possível gravidez. No entanto, tudo mudou após um episódio de sangramento intenso.
“Fui à emergência, fiz ultrassom transvaginal e beta HCG. Foi aí que constataram uma possível gestação, confirmada com imagem de um saco gestacional de nove semanas, já com batimentos cardíacos. Foi surpresa total”, relembra.
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A partir desse momento, Amanda passou a ser considerada uma gestante de alto risco. A localização do DIU dentro do útero variava a cada exame, o que exigia atenção redobrada da equipe médica.
“Tive dois grandes sangramentos no início e meu colo uterino estava curto para a idade gestacional. Iniciei uma rotina com restrições, repouso e cuidados especiais”, conta.
Parto prematuro
O parto de Bernardo aconteceu de forma emergencial após Amanda acordar com novo sangramento. Ao chegar à maternidade, foi constatada a ruptura da bolsa e, no exame cardiotocográfico, os batimentos cardíacos do bebê estavam acelerados, indicando taquicardia.
“Minha primeira opção era o parto normal, mas naquele momento não era seguro esperar. Conversamos com a médica e optamos pela cesariana”, relatou Amanda.
Com 35 semanas e 5 dias de gestação, Bernardo nasceu prematuro, mas saudável.
“Não foi necessário UTI ou qualquer intervenção. Fizemos corticoide prévio ao nascimento para maturação pulmonar. Ele está ótimo e já em casa”, celebrou a mãe.
O momento em que a equipe médica percebeu o DIU colado ao corpo do recém-nascido foi registrado pelo pai e ficou marcado pela emoção.
“Vimos na hora. A médica trouxe o Bernardo para perto de mim e o papai registrou o momento. Nós e toda a equipe começamos a rir de emoção, felicidade e surpresa, tudo junto”, contou Amanda.
Apesar da surpresa e dos desafios, Amanda não perdeu a confiança no método contraceptivo.
“Já usei pílulas e dois tipos de DIU. O Kyleena foi o mais confortável para mim. Sabendo que tudo foi bem acompanhado e que vencemos tantos obstáculos nessa gestação, só posso acreditar que era para acontecer. Respeito quem não acredita, mas eu vivi milagres”, declarou.
Como é possível engravidar usando DIU?
O DIU Kyleena é um dos métodos contraceptivos mais modernos e eficazes, com uma taxa de sucesso superior a 99%. Segundo a ginecologista Rafaela Frota, a chance de falha é de apenas 0,2%, o que significa que duas a cada mil mulheres podem engravidar mesmo com o uso correto do dispositivo.
Durante a gestação, é possível que o DIU mude de posição dentro do útero, podendo aderir à placenta, se inserir na musculatura uterina ou migrar para próximo ao colo do útero.
“Normalmente, ele permanece fora da bolsa amniótica”, explica a médica.

No caso de Bernardo, o rompimento precoce da bolsa fez com que o DIU entrasse em contato com o bebê e se prendesse ao vernix. A especialista reforça que esse tipo de contato não oferece riscos ao recém-nascido.
Quando uma gravidez é identificada com o DIU ainda no útero, o ideal é avaliar a possibilidade de retirada do dispositivo — desde que isso possa ser feito com segurança e sem riscos ao embrião. Caso contrário, recomenda-se manter o DIU e acompanhar a gestação como de alto risco.
*Com informações de Metrópoles