A advogada e influenciadora Suzana Ferreira relatou, em suas redes sociais na última segunda-feira (12/5), um caso inusitado que atendeu em seu escritório: uma mulher procurou apoio jurídico para discutir a guarda de uma boneca reborn após o fim de um relacionamento.
A cliente desejava impedir que a ex-companheira tivesse contato com a boneca e buscava a regulamentação da “convivência”, além da divisão de custos relacionados ao enxoval e à manutenção do perfil da boneca nas redes sociais.
Advogada relata que cliente quer brigar por guarda de “bebê reborn” na justiça pic.twitter.com/S6cenMZuLH
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 15, 2025
Segundo Suzana, a ex-companheira da cliente alegava ter desenvolvido forte vínculo afetivo com a boneca, e que uma nova reborn não resolveria a questão. O caso também envolvia a disputa pelo perfil da boneca no Instagram, que já estaria gerando receita com publicidade, tornando-se um ativo digital de valor patrimonial.
“Não é meme”, afirmou a advogada, visivelmente abalada com a situação. Em vídeo publicado nas redes sociais, ela destacou o impacto de casos como esse na atuação jurídica e no próprio sistema de Justiça. “A loucura da sociedade impacta diretamente na nossa profissão. São demandas reais”, disse, refletindo sobre como o Judiciário poderá lidar com esse tipo de processo.
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Embora inusitado, o episódio ocorre em meio a uma crescente onda de interesse pelos bebês reborn no Brasil. Dados do Google Trends mostram que as buscas pelo termo atingiram picos sucessivos entre outubro de 2024 e abril de 2025, consolidando as bonecas como um fenômeno cultural e emocional nas redes sociais.
Criadas originalmente nos anos 2000, as bonecas reborn foram ganhando mais realismo com o avanço da tecnologia. Hoje, são utilizadas por colecionadores, pessoas em luto ou com dificuldades emocionais, e até em conteúdos de marketing e monetização digital.
A advogada levantou ainda uma reflexão sobre o impacto das redes sociais e da monetização digital na judicialização de relações que envolvem objetos inanimados com valor simbólico ou afetivo.
“Esse foi o meu atendimento. E eu fiquei muito pensativa sobre isso. Como o Poder Judiciário vai receber essas demandas, que são demandas reais, gente” refletiu a jurista.