O programa Dia a Dia, da TV Onda Digital (canal 8.2) discutiu, nesta terça-feira (4), a ameaça de massacre sofrida pela comunidade da escola municipal professor Sérgio Augusto Pará Bittencourt, localizada no bairro Novo Israel, na Zona Norte, na manhã desta segunda-feira (2). O discurso de ódio na internet e a falta de estrutura foram os problemas apontados pelos especialistas para a ocorrência de casos como os de ontem.
O professor Lambert Melo afirmou que são muitos os fatores que causam a violência no ambiente escolar, mas indiscutivelmente um fato que vem crescendo muito, não só em Manaus, mas no mundo, é o avanço do discurso do ódio disseminado na internet. “Países desenvolvidos não contiveram este discurso, associado ao neonazismo, a superioridade de uns sobre outros, e o problema acabou chegando nos países em desenvolviment”, afirmou Lambert, que é coordenador jurídico da Associação dos Pedagogos e Professores de Manaus (ApromSindical).
A psicóloga Dilza Santos acrescentou que a disseminação deste discurso de ódio ocorre, infelizmente, sob a complacência de muitos pais que não têm um canal de diálogo aberto com os filhos e em certos casos incentivam a violência.
“Este comportamento é alimentado dentro do contexto familiar, pois muitas vezes os pais disseminam o ódio ao ensinar crianças o manuseio de armas, por exemplo, e postar fotos assim nas redes sociais como se isso fosse um trófeu”, explicou a especialista, acrescentando que a criança precisa ter o seu “tempo de criança” respeitado. “Falta crianças brincando de bonecas, correndo nas ruas, ralando os joelhos”, completou Dilza
Confira a reportagem:
Pesquisa assustadora
A apresentadora Bhia Borges mostrou que uma pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp) mostrou que em vinte anos houve 12 ataques como os cometidos por um aluno de 13 anos, há duas semanas, na escola municipal Thomázia Montoro, em São Paulo, que acabou na morte da professora Elizabeth Tenreiro, 71, esfaqueada pelo adolescente. “Só que desde agosto foram um a cada mês, portanto oito ataques”, lembrou Borges
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Lambert Melo enfatizou ainda a falta de estrutura funcional das escolas para detectar o crescimento dessa violência e garantiu que alunos e professores estão desprotegidos.
“A escola está desestruturada para este tipo de enfrentamento, não há profissionais que garantam um ambiente seguro e saiba previamente o que está acontecendo. Para piorar, armas entram facilmente nas escolas, sejam armas de fogo ou armas brancas”, denunciou
Dilza também destacou a importância da parceria dos profissionais da escola com os pais, que não podem deixar para eles a missão de educar os filhos, principalmente no que diz respeito a internet. “Infelizmente estamos criando filhos sem limites, filhos que chegam em casa, mal falam com os pais e vão direto para os quartos interagir com pessoas na internet que disseminam o discurso do ódio”, afirmou. “Crianças e adolesxcentes não podem ter acesso iliminato a internet, ter senhas próprias. Isso não está certo, estamos com isso criando uma geração que está trocando o dia pela noite e chegam a escola pela manhã sonolentas e irritadas”, advertiu.
Após a ameaça de massacre na escola Sérgio Augusto Pará Bittencourt a Polícia Civil foi acionada e iniciou uma investigação para identificar quais eram os alunos envolvidos na disseminação das mensagens ameaçadoras. A Rede Onda Digital solicitou informações sobre o andamento deste caso, mas até o momento não obteve resposta. Assim que a polícia responder este texto será atualizado.