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Seca no Amazonas tem relação com aquecimento global, diz pesquisador da UFRJ

Pesquisador Marcos Freitas, da UFRJ, falou sobre modelos climáticos que simulam impacto do aquecimento global na Amazônia.

A seca histórica que assola o Amazonas atualmente pode estar relacionada ao aquecimento global. A afirmação é do géografo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, só o fenômeno El Niño não pode ser considerado responsável pela seca atual no estado.

O El Niño é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. Porém, para Freitas, só o El Niño não explica, por exemplo, a baixa do Rio Negro, no momento abaixo dos 13 metros pela primeira vez em 121 anos de medições. Isso porque as chuvas na região do Rio Negro são formadas sobretudo pelos deslocamentos de massas de ar provenientes não do Oceano Pacífico, mas do Atlântico.

O pesquisador também analisou a seca de 2010, até então considerada a mais severa já vista no estado. Ele afirmou:

“Quando estudei a seca de 2010, mapeei o aquecimento do Oceano Atlântico, do Oceano Pacífico e também me debrucei sobre as mudanças no uso do solo com o desmatamento. Naquele ano, as águas do Atlântico tiveram aumento médio de temperatura mais acentuado. Mas o máximo que havia de desvio de temperatura era de 1 a 1,5 grau. Talvez com algum repique a 2 graus. Nesse ano, temos um repique no Oceano Atlântico de 4 graus, no hemisfério norte. Já o El Niño tem provocado um repique de 2 graus no Oceano Pacífico, e ainda não é o auge, que será mais próximo de dezembro. O que a gente observa é que o clima, na região do Rio Negro, sofre forte influência das massas de ar que vêm do Oceano Atlântico. Então, é possível correlacionar sim essa seca com as mudanças climáticas. Estamos notando um repique muito forte no Oceano Atlântico”.


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Ele falou também sobre a forma como a seca influencia nos incêndios florestais, e vice-versa, num ciclo que se retroalimenta. Freitas disse:

“É uma via de mão dupla. O clima mais seco favorece o desmatamento. E o desmatamento também estimula esse clima mais seco. Quando vai se aproximando o verão amazônico, as chuvas vão diminuindo. Isso acontece a partir de maio. E o pico é agosto, setembro. São os meses mais secos. E é nessa época que aumenta o desmatamento. Se o período seco se alonga, a Amazônia fica mais vulnerável às queimadas. Com a falta de chuva, a madeira das árvores vai perdendo umidade. E com a remoção dessas plantas pelas queimadas, há um efeito de redução de chuvas”.

O géografo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Foto Coppe/UFRJ).

Marcos Freitas é especialista em recursos hídricos e é coordenador executivo do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), vinculado à UFRJ. Desde 2008, também é integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização criada em 1988 no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ele ainda falou sobre modelos climáticos que simulam os efeitos do aquecimento global sobre a Amazônia:

“Vários dos modelos consideram a célula amazônica já há algum tempo. No início, havia muita incerteza e agora há maior precisão. Se a gente conseguir reduzir bruscamente a nossa taxa de desmatamento e estimular o retorno de vegetação na área que foi desmatada, podemos ter um efeito positivo de adaptação, recuperando alguma umidade. Se continuar a aumentar a taxa, teremos uma ação contínua de redução de umidade”.

*Com informações de Agência Brasil.

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A seca histórica que assola o Amazonas atualmente pode estar relacionada ao aquecimento global. A afirmação é do géografo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, só o fenômeno El Niño não pode ser considerado responsável pela seca atual no estado.

O El Niño é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. Porém, para Freitas, só o El Niño não explica, por exemplo, a baixa do Rio Negro, no momento abaixo dos 13 metros pela primeira vez em 121 anos de medições. Isso porque as chuvas na região do Rio Negro são formadas sobretudo pelos deslocamentos de massas de ar provenientes não do Oceano Pacífico, mas do Atlântico.

O pesquisador também analisou a seca de 2010, até então considerada a mais severa já vista no estado. Ele afirmou:

“Quando estudei a seca de 2010, mapeei o aquecimento do Oceano Atlântico, do Oceano Pacífico e também me debrucei sobre as mudanças no uso do solo com o desmatamento. Naquele ano, as águas do Atlântico tiveram aumento médio de temperatura mais acentuado. Mas o máximo que havia de desvio de temperatura era de 1 a 1,5 grau. Talvez com algum repique a 2 graus. Nesse ano, temos um repique no Oceano Atlântico de 4 graus, no hemisfério norte. Já o El Niño tem provocado um repique de 2 graus no Oceano Pacífico, e ainda não é o auge, que será mais próximo de dezembro. O que a gente observa é que o clima, na região do Rio Negro, sofre forte influência das massas de ar que vêm do Oceano Atlântico. Então, é possível correlacionar sim essa seca com as mudanças climáticas. Estamos notando um repique muito forte no Oceano Atlântico”.


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O géografo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Foto Coppe/UFRJ).

Marcos Freitas é especialista em recursos hídricos e é coordenador executivo do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), vinculado à UFRJ. Desde 2008, também é integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização criada em 1988 no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ele ainda falou sobre modelos climáticos que simulam os efeitos do aquecimento global sobre a Amazônia:

“Vários dos modelos consideram a célula amazônica já há algum tempo. No início, havia muita incerteza e agora há maior precisão. Se a gente conseguir reduzir bruscamente a nossa taxa de desmatamento e estimular o retorno de vegetação na área que foi desmatada, podemos ter um efeito positivo de adaptação, recuperando alguma umidade. Se continuar a aumentar a taxa, teremos uma ação contínua de redução de umidade”.

*Com informações de Agência Brasil.

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Ivanildo Pereira
Ivanildo Pereira
Repórter de política na Rede Onda Digital Jornalista formado pela Faculdade Martha Falcão Wyden. Política, economia e artes são seus maiores interesses.

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