Projeto “Órfãos do Feminicídio” vence prêmio de referência no meio jurídico

Os netos da aposentada Laíde Pereira de Lima conseguiram superar as dificuldades por meio de assistência psicológica oferecida pelo projeto. Foto: Divulgação
Criado em 2018 no âmbito da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM), o projeto “Órfãos do Feminicídio”, que oferece assistência a crianças cujas mães foram assassinadas pelos parceiros, venceu no mês passado o Prêmio Innovare, que contempla e incorpora a um banco de práticas os melhores projetos de instituições do meio jurídico brasileiro.
A iniciativa disponibiliza assistência jurídica e psicossocial a filhos de vitimas de violência doméstica. “Percebi, como defensora coordenadora do Núcleo da Mulher, que nós temos políticas para as mulheres, mas depois que essa mulher vem a falecer, era como se não houvesse nenhuma política para proteger a memória dela”, explica a defensora pública Caroline Braz, idealizadora do projeto. “Então nós começamos a fazer o acompanhamento das famílias”.
No início das atividades do grupo, ela fez uma busca ativa das famílias por meio de processos registrados no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).
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“É um pouco difícil localizá-las, porque, depois que acontece essa tragédia, a criança perdeu a mãe, perdeu o pai, e ao mesmo tempo a família se desestrutura muito rapidamente“, ressalta Braz. A meta agora é estabelecer um protocolo de segurança nacional para estender o auxílio às crianças de outros estados.
Outra tarefa importante é viabilizar, junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um protocolo que torne obrigatório, por parte das delegacias, o encaminhamento das famílias às defensorias.
O casal de netos da aposentada Laíde Pereira de Lima, 63, foi um dos beneficiados pelo “Órfãos do Feminicídio”. Em meados de 2016, o pai das crianças matou a esposa, Josilene Pereira, por não aceitar o fim do relacionamento.
“Eles não conseguiam dormir e nem ir no banheiro sozinhos”, conta Laíde. Três anos após o crime, os filhos da vítima conseguiram superar as dificuldades graças ao atendimento psicológico disponibilizado pelo projeto.
Via assessoria
