O nível de cinco dos seis principais rios do Amazonas já ultrapassa o registrado na mesma data do ano anterior, segundo dados do Painel de Monitoramento Hidrometeorológico da Defesa Civil do Amazonas. Em Manaus, o nível do rio Negro está 1 metro acima do registrado no mesmo período de 2024.
O levantamento mostra que, na terça-feira (25/3), os rios Negro, Solimões, Purus, Madeira e Amazonas estavam, pelo menos, 1 metro acima do nível registrado no mesmo dia em 2024. A maior diferença foi observada no Purus, cuja cota superou em 5,44 metros o nível atingido no ano anterior.
As medições foram realizadas nos seguintes municípios, monitorados pelo Painel de Monitoramento Hidrometeorológico da Defesa Civil do Amazonas:
- Manaus– Rio Negro – 25,75 metros
- Itacoatiara– Rio Amazonas – 12,25 metros
- Tabatinga – Rio Solimões – 11,41 metros
- Boca do Acre– Rio Purus – 19,24 metros
- Humaitá– Rio Madeira – 23,08 metros
No momento, só o Juruá não se encontra em nível acima do registrado em 2024.
Devido à subida dos rios, os municípios de Humaitá e Boca do Acre já decretaram situação de emergência.
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Causas do aumento do nível dos rios
Pesquisadores do Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre da Universidade do Estado do Amazonas (Labclim/UEA) estão usando dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) para monitorar o comportamento dos rios durante o início da cheia. Segundo eles, o inverno amazônico é um dos principais fatores para a subida dos corpos fluviais.
Leonardo Vergasta, um dos pesquisadores envolvidos no projeto, afirmou:
“A gente teve aí no início de 2025 a atuação do efeito La Niña, que é o resfriamento das águas do pacífico equatorial, então a gente tem um aumento das intensidades de chuva na região, e coincidiu com nosso período chuvoso, então a partir de fevereiro toda a bacia amazônica teve chuvas acima da normalidade”.
Mesmo assim, o pesquisador aponta que não deve ocorrer uma cheia recorde este ano:
“Eu ressalto que as inundações ocorrem de formas repentinas e rápidas, então não deve ser um tipo de evento que venha trazer recordes. A expectativa é que partir do mês de abril, as chuvas se concentrem na porção Centro-Norte da bacia amazônica e já em maio, a expectativa é de que voltem à normalidade”.
Em Manaus, a última cheia recorde do rio Negro aconteceu em 2021, quando o nível ultrapassou os 30 metros. Pelos últimos dois anos, o estado registrou secas recordes durante o período de estiagem.
Segundo os pesquisadores, o ápice do período chuvoso durante o inverno amazônico deve ocorrer entre os meses de maio e junho.
*Com informações de G1