Acadêmicos de Medicina investigam potencial terapêutico de plantas amazônicas

(Foto: Divulgação)
Estudantes da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara estão conduzindo duas pesquisas voltadas ao uso medicinal de plantas típicas da Amazônia. As iniciativas têm como objetivo integrar o conhecimento tradicional da população local com os princípios científicos da medicina contemporânea.
De acordo com a diretora da instituição, Soraia Tatikawa, os estudos pretendem estimular uma formação médica mais conectada à realidade regional. “Queremos preparar futuros profissionais de saúde que reconheçam e respeitem as práticas populares utilizadas pelas comunidades amazônicas”, explicou.
A professora Vanessa Ayres, mestre em Ciências e Tecnologia para Recursos Amazônicos e coordenadora dos projetos, reforça a proposta de diálogo entre o saber ancestral e a ciência. “Nosso foco é contribuir para um uso consciente e embasado das plantas medicinais no cuidado à saúde”, disse.
Mapeamento e percepção clínica
O primeiro projeto, intitulado “Levantamento Etnobotânico de Plantas Medicinais da Região de Itacoatiara-AM”, visa identificar as espécies mais utilizadas pela população local para fins terapêuticos. O trabalho inclui o registro das partes das plantas mais usadas (como folhas, cascas e raízes) e suas formas de preparo e aplicação. Quatro estudantes de Medicina, dos 4º e 5º períodos, participam da pesquisa.
Já o segundo estudo tem como foco a percepção de profissionais da saúde e acadêmicos sobre o uso de fitoterápicos no atendimento clínico. A investigação, que conta com a colaboração da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), será conduzida por meio de um questionário digital, aberto a participantes de diferentes municípios do estado.
“Vivemos em uma região onde o uso de plantas medicinais é parte do cotidiano, principalmente em comunidades ribeirinhas e indígenas. No entanto, esse saber ainda encontra resistência nas instituições acadêmicas”, observa Vanessa. “Nosso objetivo é promover uma mudança de cultura, fortalecendo o respeito e o reconhecimento desses conhecimentos.”
Espécies em destaque
Entre as plantas que despertam maior interesse nos estudos estão o jambu, tradicionalmente usado no alívio de dores estomacais e conhecido também na culinária amazônica, e a andiroba, bastante procurada por suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.
“A população já reconhece o valor terapêutico dessas plantas, e muitas delas já contam com respaldo científico. Existe um potencial significativo para que práticas tradicionais se unam à medicina baseada em evidências”, conclui a coordenadora.
