Trump rompe com aliada de seu núcleo duro após críticas sobre caso Epstein

(Foto: Getty Images)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou uma crise pública com uma de suas principais aliadas, a congressista Marjorie Taylor Greene. Em publicação na rede Truth Social, nesta sexta-feira (14/11), Trump chamou Greene de “maluca” e sugeriu que pode apoiar um candidato para enfrentá-la nas eleições de meio de mandato em 2026, uma ruptura inédita dentro do núcleo mais fiel do trumpismo.
O desgaste entre os dois vinha crescendo nos últimos meses. Greene criticou abertamente a forma como o governo tratou os arquivos ligados ao empresário Jeffrey Epstein e reclamou do foco externo de Trump, pedindo que o presidente voltasse sua atenção às pautas domésticas. O republicano reagiu acusando a congressista de ter “ido para a esquerda” e afirmando que não atenderia mais as ligações de uma “reclamona”.
A troca de ataques rapidamente tomou as redes. Greene usou o X para dizer que Trump “mentiu” e publicou um print de mensagem que afirma ter enviado ao presidente cobrando a divulgação dos arquivos de Epstein. A congressista acusou Trump de tentar impedir a liberação dos documentos, tema que será votado na Câmara dos EUA na próxima semana.
“Dediquei tempo, dinheiro e apoio irrestrito quando muitos republicanos o abandonaram”, escreveu. “Mas eu não venero Donald Trump.”
Saiba mais:
PF indicia ex-ministro Silvio Almeida em inquérito que apura importunação sexual
A ruptura ganhou força após as eleições estaduais deste mês, quando democratas avançaram em Nova Jersey e Virgínia em meio ao descontentamento com o custo de vida. Na semana passada, Greene criticou as agendas internacionais do governo, dizendo que o “vai e vem” de líderes estrangeiros na Casa Branca “não ajuda os americanos”. Trump respondeu afirmando que ela “perdeu o rumo”.
O presidente relatou ainda que possíveis adversários já o procuraram demonstrando intenção de disputar a primária republicana contra Greene, um indicativo de que o rompimento pode ter consequências eleitorais reais na Geórgia, estado que ela representa.
Epstein volta ao centro do debate e pressiona Trump
A crise interna ganhou um novo capítulo quando deputados democratas divulgaram, na última quarta-feira (12/11), uma série de e-mails em que Jeffrey Epstein afirma que Trump tinha conhecimento dos crimes cometidos por ele e chegou a “passar horas” com uma das vítimas. A Casa Branca acusou a oposição de difamação e disse que o presidente expulsou Epstein de seu clube anos atrás.
O Comitê de Fiscalização, porém, afirmou que os documentos levantam questões inéditas sobre a relação entre Trump e o empresário. Os arquivos foram entregues após intimação judicial do espólio de Epstein.
Em um dos e-mails, Epstein diz que Trump era um dos poucos conhecidos que jamais comentou publicamente as acusações contra ele. Em outro, enviado ao jornalista Michael Wolff, o empresário afirma que o presidente “sabia sobre as meninas” e que chegou a pedir a Ghislaine Maxwell, sua sócia, (condenada por tráfico de menores) parasse.
Com disputas internas no Partido Republicano e a pressão crescente sobre o caso Epstein, o episódio expõe uma nova fissura no entorno de Trump, que tenta manter hegemonia dentro do partido enquanto enfrenta investigações e perda de aliados estratégicos.
*Com informações de O Dia e Estadão Conteúdo.






