O deputado federal Sidney Leite (PSD) esteve hoje, dia 23, na Onda Digital e falou sobre a questão do genocídio do povo Yanomami em Roraima, exposto ao longo deste final de semana após a visita de uma comitiva do governo federal que contou com a presença do presidente Lula, do ministro da Justiça Flávio Dino e da ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, entre outros.
Leite afirmou:
“Isso é revoltante, é inadmissível que nenhuma autoridade tenha visto isso. E nos últimos anos, quando se instituiu uma política de saúde indígena, não falou recurso. Isso tem que ser apurado, afinal as imagens falam por si só. Mas esse nível de desnutrição, desesperador, acontece também no nosso estado. No Alto Solimões, temos uma grande concentração de população indígena, e você conta nos dedos das mãos quantas comunidades têm acesso a água potável. Eles tomam água de barro, de lama, e isso é revoltante.
Não tem faltado recursos. Mas é preciso ter um plano estratégico para a região, porque não se pode comparar a realidade do Amazonas com a realidade de Roraima. Algo eles têm em comum, essa dificuldade de alimentação, e também muitas vezes falta medicamento. E não vamos mudar a situação dos povos indígenas se não tivermos água, saneamento e comida”.
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Leite debateu com o jornalista Alex Braga sobre a questão do garimpo em terras indígenas. Ele disse:
“A legislação proíbe qualquer tipo de exploração em terras indígenas. Mas nós precisamos regulamentar, trabalhar nesse sentido, porque entendo que não dá só para proibir simplesmente. A atividade mineral no Pará, por exemplo, contribui muito para o desenvolvimento econômico da região. Precisamos ter um debate franco, pois hoje temos tecnologia para realizar uma atividade de baixo impacto ambiental. E embora sejam proibidos, os garimpos acontecem assim mesmo. Não é só uma realidade em Roraima, mas da Amazônia. Então, temos que ter regras claras, sob o guarda-chuva do estado, e já estamos atrasados nessa discussão. Senão vamos ter para sempre uma riqueza inexplorada e uma população na pobreza”.
Leite também comentou a recente declaração do vice-presidente Geraldo Alckmin a respeito da intenção do governo de acabar com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados. Ele declarou:
“Todas as propostas de reforma tributária afetam o modelo da Zona Franca de Manaus. O que precisamos é estar articulados, o parlamento estadual, o setor produtivo e o governo estadual. Porque nem sempre o que prejudica a receita prejudica a competitividade. A proposta do economista Bernard Appy, autor da PEC 45, é tributar no destino, o que é ruim para nós. Teríamos impacto de perda de receita e de perda de competitividade. Precisamos estar atentos na proposta que virá e manter as nossas excepcionalidades, as vantagens comparativas de Manaus, seja qual for o modelo. Mas uma reforma é necessária. Isso está sendo adiado há décadas, porque quem paga imposto no Brasil é o trabalhador. E por outro lado, qual a qualidade do serviço, da saúde, da educação? Isso não tá bom nem pro trabalhador, que é quem paga imposto, nem pra quem empreende e produz nesse país, e precisa mudar”.
A entrevista completa do deputado Sidney Leite pode ser assistida aqui.