“O rei das emendas” e o “amigo do interior”, é assim que o deputado federal mais longevo da Câmara, Átila Lins se apresentou durante sua campanha e propaganda eleitoral. O deputado esteve em Lábrea, município que o ajudou a chegar ao nono mandato consecutivo. Em um cenário de praia, ao lado de correligionários, o deputado afirmou que o voto precisa ser “pedido” para ganhá-lo.
Lins está prestes a completar 72 anos, e é o exemplo mais nítido da estratégia de sucesso eleitoral que marca os parlamentares do centrão: conseguir recursos e obras para suas bases eleitorais por meio de acesso a emendas e cargos, deixando em segundo plano a função de criar e votar leis ou qualquer ação programática ou ideológica.
Em suas visitas, durante seu atual mandato, Lins cortou fitas, descerrou placas, anunciou novas remessas vindas de Brasília e apresentou planos no palanque montado nas inaugurações.
“Aqui é uma cidade toda emendada. Tudo o que a gente tem é emenda. Inclusive isso aqui”, fala Ademir de França Júnior apontando para o prédio da rodoviária de Lábrea. Aos 31 anos, ele é auxiliar administrativo no terminal. França veste uma camiseta preta com o rosto e o nome do presidente Bolsonaro. Diz que sempre vota em Lins. Até perdoa que o deputado não se associe a seu presidenciável preferido — tática adotada por muitas figuras do centrão em todo o país, apesar de o grupo ter servido de base e liderança parlamentar para o atual governo. “Ele é um cara esperto e fica neutro para não perder o poder”, resume.
Nas próprias palavras de Lins, “o partido não é tão importante”. Ele já trocou de sigla oito vezes, este ano, trocou o PP pelo PSD. O primordial mesmo é não ficar sem emprego, muito menos na oposição e longe das verbas públicas.